Na primeira faixa do disco que tem tudo para ser o grande lançamento brasileiro do ano, Baco Exu do Blues explica o conceito por trás de seu novo trabalho: blues é tudo aquilo que foi criado pelos negros, demonizado pelos brancos e passou a ser aceito na sociedade como bonito depois de passar por um processo de embranquecimento. Em um vídeo (lindíssimo, por sinal) de oito minutos lançado em seu canal antes da divulgação oficial das nove faixas de Bluesman, ele lista:
"Samba é blues, rock é blues, jazz é blues, funk é blues, soul é blues (...) Entenda, Jesus é blues".
O conceito está impregnado por toda meia hora de duração do álbum: da faixa de abertura ("Me escuta: quem cê acha que é ladrão e puta, vai me dizer que isso não te lembra Cristo?") à última, que leva o nome do blueseiro B.B. King (“Você rima como se fosse o B.B. King solando”), o rapper baiano de 22 anos exalta a autoestima negra, aponta o dedo para injustiças históricas e bombardeia referências pop (Basquiat, Jay-Z, Kanye West, Jack Kerouac, Van Gogh) em uma produção que deixa ainda mais claro que o rap é o gênero musical brasileiro mais criativo dos últimos anos.
Em entrevista ao especialista em rap brasileiro Ronaldo Rios, publicada na Uol, Baco falou um pouco mais sobre sua hiperatividade, citada em uma das faixas do disco, e revelou que tem não um, mas dois discos já prontos. Bluesman está disponível nas plataformas de streaming e no YouTube.