
Enquanto se discute aqui a marcação de julgamentos de episódios ocorridos no Gauchão envolvendo dirigentes e o técnico do Grêmio, fica aqui uma lição de como se procede para educar os envolvidos. Em abril do não passado, o Nottingham Forrest postou em sua conta oficial na rede social X crítica ao árbitro Stuart Attwell, VAR na derrota por 2 a 0 para o Everton.
Na postagem, o clube "denunciava" que Attwel era torcedor do Luton, também envolvido na luta contra o rebaixamento, e que havia avisado a Comissão de Árbitros. "Nossa paciência foi testada várias vezes", escreveu o Nottingham.
Uma comissão reguladora multou-o em 750 mil libras (R$ 5,6 milhões). A FA (Football Association, a CBF de lá), havia pedido multa de 1 milhão de libras (R$ 7,5 milhões) e sustentou sua denúncia pelo "ataque flagrante, direto e e público" a Atwell, assim como a todos os árbitros, em uma escala sem paralelos".
O Nottingham recorreu e, na última segunda-feira (10), a FA publicou que a pena estava mantida e havia sido exigida a remoção da postagem. O que foi cumprido.
O técnico Nuno Espírito Santo e o zagueiro Neco Williams fizeram manifestações públicas relacionadas à arbitragem desse jogo e também foram punidos. Nuno recebeu um jogo de suspensão, multa de 40 mil libras e o alerta sobre manifestações futuras. Neco foi punido em 24 mil libras.
Ainda sobre o Nottingham, seu dono, o bilionário grego Evangelos Marinakis, foi punido com cinco jogos por ter cuspido na direção dos árbitros em setembro. Certamente, Evangelos, que age assim por achar que seu dinheiro permite tudo, pensará duas vezes antes de ter atitudes intempestivas em jogos do seu clube na Premier League. Lembrando que ele também é dono do Olympiacos, da Grécia, e estava entre os cotados para assumir a SAF do Vasco no final de 2024.
Debate urgente
Há algo que, pelo menos, deva ser discutido em relação à Justiça Desportiva e buscada uma solução: o tempo que se leva até os julgamentos dos episódios ocorridos no campo. Vamos ao exemplo do que acontece nas principais ligas da Europa.
Na Espanha, nesta semana, por exemplo, há grande expectativa em torno da punição a ser aplicada ao atacante Ángel Corrêa, do Atlético de Madrid. Ele foi expulso no domingo, por insultos ao árbitro no jogo contra o Getafe. “Hijos de mil p., cagón. La concha de tu madre”, disse o argentino para o árbitro, conforme a súmula. A pena será conhecida nesta quarta-feira (12). Será de quatro jogos, no mínimo, pelo artigo 99 do Código Disciplinar, que trata de insultos ao árbitro e auxiliares. Ou seja, Corrêa será julgado 72 horas depois de ser expulso.
É preciso buscar caminhos para que essa rapidez seja adotada aqui. Claro, percebendo as diferenças na legislação brasileira e também a relação que há entre a Justiça Desportiva e as entidades organizadoras das competições (CBF e FGF).
Os tribunais são órgãos autônomos e sem obediência hierárquica a federações e à CBF. Porém, é urgente que se busque essa agilidade e se elimine do ambiente debates como esse sobre a marcação dos julgamentos envolvendo Gustavo Quinteros e dirigentes da Dupla.