
A ideia de colocar os grandes do Uruguai no Gauchão partiu da cabeça de Ignacio Ruglio, presidente midiático do Peñarol e pecuarista, filho de uma família reconhecida no país pela força nos remates e pelo escritório que administra no setor.
Ruglio é também um feroz adversário do atual comando da Associação Uruguaia de Futebol (AUF) e o líder entre os clubes na criação da Liga Uruguaia de Fútbol Profesional (Lufpro). Aliás, há 20 dias, a Lufpro sofreu derrota na Assembleia da AUF ao tentar desarquivar o projeto da liga de clubes.
Mesmo que tenha vencido por 23 votos a 21, com uma abstenção, faltou o 24º voto que levaria o projeto para uma nova votação. Em 2021, ele foi arquivado depois de Fifa e Conmebol respaldarem a decisão da AUF de fechar a porta para a criação de uma liga em que os clubes organizariam a competição e comercializariam os direitos de TV e comerciais.
O ponto em que entra o Gauchão está justamente nessa oposição de Ruglio à AUF. Ele busca novos caminhos para mostrar que o futebol uruguaio precisa mudar suas estruturas.
Jogar o Estadual no começo da temporada seria uma forma de buscar novos caminhos. O surpreendente nesse movimento é que Ruglio colocou junto o Nacional, eterno rival no campo e na luta pela criação da liga. O Nacional, assim como as SAD's (as SAF's de lá), são contra e abraçam a posição da AUF. Ruglio, depois da votação, publicou em suas redes sociais texto em que clamava ser necessário tirar o futebol das mãos da AUF e do Nacional.
Como já disse o presidente da FGF, Luciano Hocsman, incluir Peñarol e Nacional no Gauchão é algo muito mais complexo. Demandaria desfiliação deles da AUF, migração para a CBF, adoção de CNPJ brasileiro e registro na FGF, onde começariam na Terceirona.
Não se trata de um simples "convite". O que só seria possível se fosse para competição amistosa, o que colocaria mais jogos em um calendário sem datas. Hocsman deixou a porta aberta para Torneios de Verão. O que combina bem com o sonho, típico de verão, do midiático Ruglio em sua batalha contra a AUF.