O Palmeiras comprou o meia uruguaio Facundo Torres por US$ 12 milhões (R$ 72,9 milhões), finaliza detalhes da compra de Paulinho por 18 milhões de euros (R$ 113,7 milhões), mais os direitos de Gabriel Menino e Patrick e, para completar seu pacote e Natal, faz investida em Vitor Roque.
O clube paulista estaria disposto a pagar 20 milhões de euros ao Barcelona pelo atacante (R$ 126,3 milhões). Vitor Roque está emprestado por duas temporadas ao Betis, onde ainda busca sua afirmação. Esse seria um dos obstáculos da negociação. Mas, prestem atenção, o Palmeiras está comprando um jogador de 19 anos do Barcelona, trouxe uma figura da seleção uruguaia e tirou do Atlético-MG um dos seus principais jogadores.
Ao todo, o Palmeiras gastará nesses três movimentos R$ 312,9 milhões. Está com o cofre forrado pelas vendas em sequência de Endrick, Luís Guilherme e Estêvão. Mas é assustador para nós, aqui na ponta sul do mundo, ver um clube que disputará o mesmo campeonato em que estaremos gastar metade do orçamento previsto pelo Inter em 2025 e cerca de 60% do previsto pelo Grêmio.
Isso mostra que a cada janela a fenda só fica maior em relação a Flamengo, Palmeiras e, agora, Botafogo. Há dois pontos a serem debatidos aqui. O primeiro é sobre o nosso lugar nesse novo ecossistema do futebol brasileiro. Viramos coadjuvantes e seremos figurantes logo ali na frente se não começarmos a debater a fundo novas formas de gestão e investimento.
O segundo ponto é que o futebol brasileiro precisa, urgentemente, debater o fair play financeiro. No caso do Palmeiras, nem se trata tanto disso, afinal ele está gastando parte do que arrecadou com vendas. Na regra de gastos, me incomoda mais cofres inflados do dia para a noite, como o do Botafogo. O grande ganho com o fair play seria a ajuda no regramento aos clubes que os ajudaria a fazer o caminho de volta do buraco.