Estamos virando remediados no cenário dos grandes clubes brasileiros. Soa até ofensivo dizer isso, mas é necessário colocar o dedo na ferida. A dupla Gre-Nal precisa acordar para o futuro, que já bateu à porta e está dando meia-volta.
Até dois, três anos, viamos descolar Flamengo e Palmeiras e percebíamos um Atlético-MG inflado por mecenas. Agora, vemos tomar distância ali na frente Botafogo, Bahia e Cruzeiro, reorganizados por suas SAFs e com poder de investimento.
O Botafogo comprou Luís Henrique em janeiro por 20 milhões de euros. Agora em julho, trouxe Almada, por US$ 20 milhões e Matheus Martins, por 10 milhões de euros. Ou seja, John Textor bancou 48 milhões de euros em seis meses e afiou seu time para lutar no Brasileirão e nas Copas.
O Bahia acolheu, enviado pelo City Group, Lucho Rodríguez, a maior revelação uruguaia da sua geração, ao custo de 11 milhões de euros, por 70% dos direitos.
O Cruzeiro e seu dono supermercadista, comprou de lote nesta janela: Wallace, Matheus Henrique e Kaio Jorge, para citar alguns.
O Palmeiras veio buscar Mauricio, o principal ativo do Inter, comprou Giay, lateral revelação sub-20 da Argentina, e atraiu Felipe Anderson. São quase R$ 200 milhões investidos em 2024.
O Flamengo, mostrando sua força, usou a janela para pensar no futuro. Gui Ruck, joia brasileira de 15 anos do Real Valladollid, chega ao Rio na próxima semana. Finalizará sua formação no Ninho do Urubu. PSG e Real eram clubes que o haviam colocado no radar.
Grêmio e Inter, percebe-se, fazem ginástica para se reforçar e encorpar seus times. Arezo, comprado por 3 milhões de euros, é fruto desse trabalho de garimpo. Monsalve e Aravena são apostas de futuro. Braithwaite é puro monitoramento de mercado, assim como foram Enner Valencia e Rafael Borré no Inter.
O ponto é que, mesmo com essa capacidade criativa da Dupla, estamos perdendo terreno.
Grêmio e Inter precisam, com urgência, abrir a discussão sobre SAF em seus Conselhos. Não defendo aqui a terceirização do departamento de futebol ou a venda total. Mas modelos de negócio que permitam aos dois clubes, com a força que têm, atrair investidores capazes de aportar receita.
Não apenas em jogadores, mas em CTs e, principalmente, em cérebros e equipamentos capazes de afiar ainda mais a gestão do futebol. O modelo atual, apesar de todo o suor dos dirigentes, está vendo o futuro bater na porta. E ele não costuma insistir muito para que abram.