Há um contrassenso no Inter. Ao mesmo tempo em que pede que se vire o calendário e se deixe 2022 para trás, Mano Menezes busca de forma intensa repetir aquele padrão. O ponto de partida do seu Inter é aquele, e isso é inescapável.
Afinal, estamos falando de um time vice-campeão brasileiro e que mantém quase todos os titulares, com o acréscimo de Luiz Adriano no lugar de Alemão. Na verdade, Mano, em um recuo mais longo no tempo, sempre formou times com essa mesma ideia. Seus times tinham consistência defensiva, dois jogadores para começar o meio-campo, um meia pelo lado, um jogador agudo do outro, um camisa 10 centralizado e o centroavante como referência. É sua ideia de jogo.
Foi assim com o Inter de 2022, com o Grêmio de 200, o Corinthains de 2009 e boa parte do Cruzeiro campeão que construiu.
O campo, neste momento, mostra para Mano que essa ideia aplicada no Inter de 2022 talvez requeira algumas correções de rota. Há Wanderson, um jogador de drible, vertical e dono do maior número de assistências. Mas há também Pedro Henrique, goleador e jogador decisivo, do lance individual, desequilibrante quando encontra o espaço. Os dois podem jogar juntos sem que precise abrir mão do centroavante, uma convicção sua.
Só que, para isso acontecer, será necessário uma contribuição coletiva maior de todos e movimentos diferentes daqueles mecanizados. Talvez esse seja o grande obstáculo para Mano. A partir da próxima semana, serão seis jogos em 19 dias, com viagens a Fortaleza e Maceió e uma visita do Flamengo no meio. Mudar a rota neste momento é um desafio espinhoso. Porém, se o time seguir nessa evolução lenta, não restará outra saída. É mudar ou seguir comparando com o futebol de 2022. Mesmo que isso incomode.