
Há alguns episódios nas vidas dos clubes cujos roteiros insistem sempre em se repetir. No caso do Inter, os confrontos com o América-MG se enquadram nisso. Não tem sido fácil para os colorados enfrentar os mineiros. E não é de hoje. Por isso, surpreende pouco o que aconteceu na tarde de quarta-feira (2) no Independência.
A derrota de 1 a 0, que deflagrou a festa do Palmeiras pelo título, ficou de acordo com aquilo visto no campo. O Inter ficou muito aquém e sinalizou mais uma vez uma queda técnica nesta reta final do Brasileirão e da temporada. A diferença neste jogo, em relação aos três últimos, é que o resultado não veio.
Assim, Mano Menezes viu cair sua invencibilidade de 14 jogos — 13 no Brasileirão, mais o empate sem gols com o Melgar. Foram quase três meses sem derrotas, pontuadas por seguidas correções de rumo no caminho, a partir da perda de titulares.
Um deles, no entanto, parece ter deixado um rombo no coração do time. Falo de Gabriel, o volante que desembarcou sob desconfiança, tomou o lugar e deu ao time uma dinâmica que, havia alguns anos, o torcedor não via ser produzida por um camisa 5.
A lesão de Gabriel e sua perda por quase um ano provocou um desajuste na equipe. Não são à toa as oscilações. Isso porque a perda do volante e capitão mexeu com o restante do setor. Johnny precisou sair da posição em que se afirmou para jogar à frente da área. Edenilson, cujo rendimento segue longe dos melhores dias, voltou a ser titular. Assim, o Inter passou a se defender com espaços, viu seus zagueiros ficarem mais expostos e perdeu energia para, por exemplo, jogar de forma mais adiantada com suas linhas.
Em Belo Horizonte, o que viu foi um time desencaixado. Faltou coesão, faltou agressividade e faltou, claro, eficiência. O pênalti em Moledo foi um presente divino. Naquele momento, o Inter mais se defendia do que jogava. Alan Patrick perdeu na cobrança e no rebote e desperdiçou, também, a chance de virar um roteiro que estava quase pronto. Mesmo que, no segundo, tenha melhorado um pouco e até acertado o poste com Alemão, foi pouco o que o Inter fez.
Não há nada para reclamar da passagem por Belo Horizonte. A exceção, é claro, está no resultado, que deixa ainda mais aberta a disputa pelo segundo lugar. Restou o sinal para Mano da queda técnica do time e do decréscimo de rendimento de algumas peças cuja recuperação precisa ser imediata. Faltam três jogos apenas para acabar o ano, e há cerca de R$ 4 milhões de prêmio a mais em jogo.