
Dênis Abrahão é um sujeito entusiasmado, elétrico e um otimista. Sempre foi assim em sua trajetória como dirigente do Grêmio. Também sempre teve boa relação com os jogadores.
Me lembro de um episódio em 1996, eu começando como repórter, ele vice de administração, com sala em frente à de Fábio Koff, no velho Olímpico. Cheguei à sala da presidência e encontrei Jardel ali, à espera para uma reunião. Aquele era um tempo em que os repórteres batiam na sala do presidente todos os dias para um café e, quando topavam com o astro do time, engatavam uma entrevista sem rodeios ou hora marcada.
Muitas vezes, nem era entrevista, mas apenas um bate-papo de fonte e jornalista, que se conheciam da convivência diária, olho no olho. Bom, o que quero contar aqui é que o Jardel estava ali, relaxadão, contando como estavam os preparativos da viagem que faria para se apresentar ao Porto, quando o Dênis saiu da sua sala e se aproximou de nós.
Só que em vez de cumprimentar o Jardel, ele ergueu o pé como um lutador de taekwondo e o fez passar zunindo pela franja do goleador do time. Que, claro, deu um passo para trás e sorriu. Ele conhecia o Dênis, sabia desse seu jeitão expansivo. Foi como o encontro de dois amigos, embora fosse o vice-presidente de administração e o presidente.
Talvez seja baseado nessa relação que costuma entabular com os jogadores que Dênis tenha prometido à torcida não seis vitórias que faltam para se livrar do rebaixamento, mas NOVE. Ou seja, 50% a mais. Trata-se de um otimista, é verdade. Certamente, ele elevou a régua até nove para fechar em seis.
Isso porque o começo desse último terço do Brasileirão para o Grêmio é duríssimo. Serão quatro jogos espinhosos de largada. Começa com o Atlético-GO, o menos espinhoso desse lote, e segue com Palmeiras, Atlético-MG e o Gre-Nal.
A partir daí, o Grêmio poderá contar com algumas combinações favoráveis. Depois do clássico, virá o Fluminense, em casa, e segue uma sequência com América-MG, Bragantino, Chape e São Paulo. É preciso torcer que, nestas próximas quatro rodadas, o América-MG encaminhe sua permanência. O mesmo vale para o São Paulo. Isso faria com que chegassem menos armados para seus jogos.
A partida contra o Bragantino está prevista para a semana da final da Sul-Americana e terá de ser remarcada. A Conmebol exige que os clubes cheguem três dias antes à sede da decisão. Se ficar para depois dela, o Grêmio poderá enfrentar um Bragantino já garantido na Libertadores.
O Brasileirão do Grêmio se encerra com Bahia, em Salvador, Corinthians, em São Paulo e Atlético-MG, em casa. Seria adequado aos gremistas reforçarem a torcida por título antecipado dos mineiros.
São apenas conjecturas, mas percebe-se que o otimismo de Dênis, embora seja uma característica dele, pode estar embasado também em uma projeção da tabela.