Em tempos de clubes brasileiros se organizando para criar uma liga e reivindicando mais direitos na CBF, é bom dar uma olhada no que está acontecendo no futebol dos EUA. A MLS, no velho normal, já era a oitava com melhor média de público no mundo da bola – à frente do Brasileirão. O crescimento da modalidade no país está atraindo, por exemplo, investidores que são ídolos do próprio futebol ou das quadras. Nesta semana, o centroavante Jamie Vardy anunciou seu ingresso como sócio na compra do Rochester Rhinos, clube que está licenciado e que disputa a USL League One, que na hierarquia das ligas norte-americanas é a terceira.
O Rochester, sediado na cidade homônima, no Estado de Nova York, é histórico. Foi o único clube de fora da MLS, a ganhar a US Cup, a Copa do Brasil de lá e que reúne clubes das mais variadas ligas do país. Vardy, 34 anos, deixou claro que o investimento, em parceira com dois dos sócios do Sacramento Kings, da NBA, está longe de significar sua saída do Leicester City, do qual é hoje o maior ídolo.
Astro de Hollywood
O inglês é só mais um milionário a perceber a fertilidade do mercado de futebol nos EUA. A MLS é uma afirmação e a prova de que a modalidade caiu nas graças dos norte-americanos. O modelo de negócio segue a lógica de outras modalidades bilionárias, como o basquete e o futebol americano, com o jogo sendo apenas uma parte de um espetáculo maior, vitaminado por marketing agressivo e investimentos pesados nas franquias, como são chamados os clubes.
A MLS passou a contar, neste ano, com o 27º participante, o Austin F.C. (até 2023, serão 30). Um dos sócios, aliás, é o ator Matthew McConaughey. Nascido na cidade e apaixonado por futebol, muito pelo estímulo da mulher, a modelo brasileira Camila Alves, o astro de Hollywood é figura nos jogos e tem usado sua imagem para fazer a franquia decolar. O Austin, aliás, acaba de inaugurar seu estádio, para 20,5 mil pessoas e que custou US$ 260 milhões.
Lendas e ídolos
A lista de estrelas do esporte e do entretenimento que investem no futebol nos EUA só cresce. No começo de junho, o jogador de futebol americano Mark Ingram, do Houston Texans, da NFL, foi anunciado como sócio do DC United. Os ídolos da NBA seguem o mesmo caminho. James Harden, o Barba, astro do Brooklyn Nets e uma das figuras do basquete atualmente, tem parte do Houston Dynamo. Seu companheiro Kevin Durant é co-proprietário do Philadelfia Union. O ex-jogador e hoje técnico na NBA Steve Nash é dono de uma fatia grande do Vancouver Whitecaps, que esteve interessado em levar Jean Pyerre do Grêmio. Magic Johnson, a lenda do basquete, é um dos donos do Los Angeles FC, que também tem entre os acionistas a ex-craque do futebol feminino Mia Hamm.
O exemplo de Seattle
Para completar a lista de investidores famosos, o Seattle Sounders tem como um dos sócios o quarterback Russel Wilson, da franquia irmã Seattle Seahawks. Aliás, para quem quiser entender o caminho do sucesso do futebol e da MLS nos EUA, recomendo o livro Soccer: Sucesso em Seattle. O jornalista esportivo Mike Gastineau conta com riqueza de detalhes o surgimento da franquia em uma cidade que respira esportes e, principalmente, futebol. Os investidores perceberam a carência dos torcedores e o flanco aberto com a debandada do Seattle Supersonics, da NBA, para criar a franquia, hoje apontada como caso de sucesso. Aliás, o livro é uma bíblia para quem atua ou pretende atuar em gestão e marketing esportivo.