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Abel Braga terá uma "escolha de Sofia" para fazer até domingo (31). A lesão sofrida por Thiago Galhardo contra o Ceará abriu caminho para a afirmação de Yuri Alberto. O que criou uma interrogação daquelas que todos os técnicos gostariam de ter: o goleador do Brasileirão, com 16 gols, ou o goleador sob seu comando, com nove gols (cinco em 2021)?
Yuri encaixou melhor na ideia de jogo aplicada por Abel. O Inter se fecha, recheia a frente da área e, ao roubar a bola, faz a transição rápida para acionar os atacantes. Não à toa, é o time, conforme o SofaScore, que precisa de menos toques na bola até marcar um gol (369, o Ceará, segundo, dá 381). Para isso, precisa de jogadores rápidos na frente, que ganhem na velocidade dos zagueiros.
Yuri tem essa característica. Galhardo, por sua vez, tem como trunfo a boa leitura de jogo, o posicionamento e a percepção para ocupar o espaço, herança dos tempos de meia. Foi assim que marcou 15 gols na Era Coudet. O argentino soube como explorar suas virtudes. O modelo de jogo, com dois atacantes, favorecia também. Abel Hernández fazia mais a função de pivô e preparava o cenário para Galhardo infiltrar ou receber a bola em boas condições de arremate. Seu poder de conclusão era tão alto que ele chegou à Seleção Brasileira.
Antes de definir o 4-1-4-1, Abel tentou Galhardo como meia central. Mas isso o afastou do gol. Quando definiu o esquema, fixou-o como centroavante. Porém, ficar como referência ofensiva não explora toda sua potencialidade. O lance da lesão na panturrilha sofrida contra o Ceará simboliza a dificuldade para atender às demandas da função. Nessa jogada, ele recebeu o passe atrás do zagueiros e engatou uma corrida em direção ao gol. O arremate, no entanto, saiu pressionado pelo zagueiro.
Não é de graça, portanto, que Galhardo tenha feito apenas um gol na Era Abel, e de pênalti. Mas se trata do goleador do Brasileirão, do jogador de Seleção do time. Tudo isso estará na balança na hora de decidir quem será o titular no ataque.
Por que as chances de Yuri e Galhardo jogarem juntos são diminutas
Só se Abel Braga mudar o sistema de jogo para Galhardo e Yuri Alberto jogarem juntos. No 4-1-4-1, há espaço para apenas um atacante. Yuri, pelas características, até poderia atuar pelo lado. Mas aí seria menos jogador. Além de forçar a saída do time de Caio Vidal. Embora não seja mais virtuoso, Caio cumpre uma função tática que ajuda a equilibrar o time. Ele participa da duas fases do jogo. Na defensiva, fecha espaços na defesa, ajuda na marcação e preenche o lado direito. Na ofensiva, é agudo, tem o enfrentamento individual e ajuda na transição com sua velocidade.