O Grêmio precisará pagar R$ 10 milhões parcelados em 30 vezes ao Diadema, um pequeno clube da região metropolitana de São Paulo atualmente licenciado em competições profissionais e que atua apenas na formação. Trata-se de um valor vultoso, é verdade. Mas poderia ser bem pior.
Inicialmente, o valor cobrado pelos paulistas na Justiça, referentes aos 30% do valor da venda do atacante ao Spartak Moscou, era de R$ 13,5 milhões. Com as custas, juros e honorários, o valor da condenação se aproximava dos R$ 18 milhões. Ou seja, o acordo acabou cortando quase pela metade uma dívida que, mais cedo ou mais tarde, bateria na porta da Arena.
Para você entender o caso, o Grêmio alegava que a obrigação de repassar ao Diadema 30% de uma venda de Pedro Rocha expirava no final de 2016. O atacante veio para o sub-20 em março de 2014, depois de se destacar no Juventus-SP, para o qual havia sido emprestado pelo Diadema para as disputas da Copa FPF e da Copa SP. Um ano depois, foi lançado por Felipão no grupo principal.
Com Roger, meses depois, virou titular e, na temporada seguinte, foi o herói da conquista da Copa do Brasil. Pedro Rocha foi vendido ao Spartak Moscou em agosto de 2017 por 12 milhões de euros (na conversão do dia, R$ 45 milhões), tornando-se a maior transação da história do Grêmio até aquela época.
O Diadema tinha atuando em sua defesa aqui em Porto Alegre o escritório Aquino Camargo Advogados. Que tem como sócios José Aquino Flores de Camargo, atual presidente do Conselho Deliberativo do Inter, e seu filho, Leonardo Aquino Bublitz de Camargo, conselheiro atuante no Beira-Rio.
Em trabalho feito em parceria com os advogados paulistas Márcio Andraus e Cristiano Caús, os Flores de Camargo conseguiram provar, através dos balanços posteriores a dezembro de 2016 e de cópias de conversas de WhatsApp dos dirigentes do Grêmio com o Diadema, que a relação de parceria numa possível venda ultrapassava o prazo defendido pelo Tricolor, do final de 2016.
— Não temos nenhum impedimento ético de atuar contra qualquer clube. Obviamente, eu não atuaria contra o Inter — explica Leonardo.