Odair Hellmann caiu porque bateu no teto. Houve consenso de que o técnico chegou ao limite na tentativa de extrair mais dos jogadores, de buscar variações táticas e até mesmo de meter a mão no time, como se esperava depois da perda da Copa do Brasil com a equipe conformada. O processo de renovação da equipe parou em Heitor, que se impôs no campo, e chegou a Bruno Fuchs pelas contingências, como as trapalhadas de Klaus e o impedimento de Emerson Santos de jogar. O rejuvenescimento do time provocou algumas fissuras que Odair não conseguiu estancar. Havia uma atmosfera diferente no Inter depois da perda da Copa do Brasil. Aliada aos resultados que se seguiram — uma única vitória sobre a lanterna Chapecoense — , ela criou a química que derrubou Odair.
O discurso externo do Inter, até por respeito profissional ao seu agora ex-técnico, é de que nem sequer o perfil do substituto foi traçado. Muito menos um telefonema ao nome preferido teria sido feito. Talvez esse contato realmente ainda não tenha ocorrido até os episódios de Maceió, mas o Inter já havia mirado alguns nomes. Roger Machado é o predileto, tem os conceitos de futebol e as ideias arejadas que agradam tanto Marcelo Medeiros quanto Roberto Melo.
Depois dele, Tiago Nunes, de ideias parecidas e da mesma fornada de técnicos que colocou Roger no mercado. O que o Inter não imaginava era a urgência para investir em um deles. O cronograma apontava para depois do Brasileirão, com a vaga da Libertadores na mão. Os cinco pontos em 15 jogos, a derrota para o Ceará e a atuação desajustada do time precipitaram tudo. A noite em Alagoas, que teve até jogador apontando o dedo para o time e cobrando mais empenho, deflagrou o 2020 no Beira-Rio. Mesmo que o 2019 ainda esteja longe de acabar.
Melo
Foi uma decisão de Marcelo Medeiros a permanência de Roberto Melo. O presidente aposta na confiança que tem no homem apontado por ele para reconstruir o futebol do Inter depois da queda na Série B. Na reunião do Conselho de Gestão, o departamento de futebol foi também pauta das discussões. Só que Medeiros nem deixou o tema avançar. Ele e Melo são, além de amigos fora do futebol, parceiros de longa data. Comandaram juntos o vestiário em 2014, na campanha que levou à vaga na Libertadores.
Eleições
O Inter já vivia nos últimos dias um ambiente político agitado. A mudança de técnico, as pressões sobre o departamento de futebol e a queda de rendimento do time agitaram ainda mais os bastidores e os movimentos do clube.
As projeções são de que esses debates recrudesçam nos próximos dias. Ainda mais que, na virada do mês, será colocado em votação o novo estatuto do clube, que prevê mudanças importantes, como três anos para o conselho de gestão e a possibilidade de três chapas no segundo turno da eleição, no pátio.