Por gerações, porto-alegrenses especulam sobre a história de túneis secretos no Centro Histórico da cidade. As várias versões citam que as estruturas construídas no passado permitiriam a fuga de governantes. O que é mito ou verdade? Com informações e análises de pesquisadores, a equipe do Palácio Piratini produziu o documentário O Segredo dos Túneis de Porto Alegre.
Os visitantes da linda sede do governo gaúcho, no alto da Rua Duque de Caxias, sempre chegam curiosos. O prédio foi ocupado pelos governadores a partir de 1921.
— É o que mais as pessoas querem saber nas visitas. Nunca se produziu um documento claro sobre a realidade dos túneis — explica o diretor-executivo de gestão do Complexo Palácio Piratini, Mateus Gomes.
As versões sobre os túneis são anteriores ao Palácio Piratini. Pelas especulações, foram construídos por ordem do governador José Marcelino Figueiredo, que escolheu Porto Alegre como capital da capitania do Rio Grande de São Pedro na década de 1770. Um suposto mapa em poder dos farroupilhas, no século 19, reforçaria a teoria das galerias subterrâneas.
Ninguém conseguiu provar a história de longos túneis saindo do velho ou do atual palácio. Para construir a narrativa, o documentário retoma os relatos e registros mais famosos sobre a lenda, além de temas relacionados, como a formação de Porto Alegre, a evolução urbana e a Campanha da Legalidade.
Um estudo sobre os supostos túneis foi desenvolvido em 2011. Sobre a conclusão, o analista em assuntos culturais, Robson Dutra, afirma que não há ligação, apesar de especulações, entre o Palácio Piratini e o Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, na Rua Riachuelo. Os dois prédios são do mesmo período, projetados pelo mesmo arquiteto, o francês Maurice Gras. Nos edifícios, foram encontradas apenas galerias de serviços.
No Palácio Piratini, um túnel interliga os subsolos das alas governamental e residencial. Outra galeria de serviços vai do jardim, acessada por uma porta camuflada no banheiro feminino, até a Rua Duque de Caxias, onde é conectada à rede de esgoto. Além da passagem de canos e fiação, é possível caminhar nestas duas galerias.
Sou do time dos céticos, preciso ver para crer, mas sei que as lendas podem ser mais empolgantes do que a realidade.
