A Pedra da Cruz, cartão-postal de Minas do Camaquã, está sem a cruz desde 2015. Durante forte tempestade, o vento derrubou a estrutura metálica de 17 metros de altura. Moradores da localidade, que fica no interior de Caçapava do Sul, estão mobilizados para reconstrução da cruz, lembrança ainda dos tempos de mineração.
A cruz foi construída e inaugurada em 1968, por sugestão do padre Elcy Arboitte. O responsável pela obra foi o proprietário das minas na época, o empresário Francisco Matarazzo Pignatari, o Baby Pignatari. Além de orientar pilotos de aviões que operavam na pista perto das formações rochosas, era objeto de fé de mineiros que trabalhavam no local até 1996. A cruz iluminada à noite podia ser vista de longe.
A comunidade tenta arrecadar R$ 100 mil para a reconstrução da estrutura de metal. A mobilização tem vaquinha on-line, rifa, bingo comunitário e venda de camisetas, bonés e réplicas em miniatura da cruz. Também será promovido um baile com o grupo Os Serranos, no CTG Ronda Crioula, em 13 de abril. Com pecuaristas da região, foram arrecadas cem ovelhas para premiação do bingo e da rifa.
No perfil @pedradacruz.rs no Instagram, os organizadores atualizam o cronograma do projeto Pedra da Cruz e fazem a prestação de contas.
Em breve, a comunidade de Minas do Camaquã espera ver novamente, de longe, a cruz no topo da Pedra da Cruz.
Minas do Camaquã
Minas do Camaquã fervilhou depois da descoberta de cobre em 1865. O fazendeiro João Dias encontrou em suas terras uma pedra esverdeada, que entregou ao imperador Dom Pedro II, que estava de passagem por Caçapava do Sul. Depois de análise na Inglaterra, a mineração de cobre começou em 1870. A exploração foi feita por ingleses, seguidos de alemães e belgas. Com a queda no preço internacional do minério, as extrações foram suspensas por volta de 1910.
A Segunda Guerra Mundial provocou a retomada da atividade na localidade que fica a 68 quilômetros do centro de Caçapava do Sul. Em 1942, foi criada a Companhia Brasileira do Cobre, uma sociedade formada pelo governo do Estado e o multimilionário Baby Pignatari, convidado para o negócio pelo presidente Getúlio Vargas.
Neto do conde Francesco Matarazzo, imigrante italiano que construiu um império econômico no Brasil, Pignatari ficou com o controle total da operação de 1957 a 1974, quando devolveu a CBC ao governo federal. No final da décadas de 1970, Minas do Camaquã teve a maior população, somando quase cinco mil moradores. O Cine Rodeio era um ponto de encontro.
Grupo de funcionários assumiu a empresa em 1989. Em 1996, devido ao esgotamento das reservas pesquisadas, terminou a mineração e começou a debandada.
Na região, moram hoje aproximadamente 500 pessoas. O turismo é uma aposta em função das belezas naturais e da curiosa história.