O ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol falou nesta quinta-feira (7) ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha. Agora filiado ao Partido Novo, ele está em Porto Alegre para cumprir uma agenda de compromissos relacionados à legenda, que tem buscado ampliar o número de filiados e engajá-los a partir da popularidade de Deltan, que foi coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato.
No programa, o ex-procurador explicou a decisão de entrar para a política e reiterou a opinião de que sua cassação tem a ver com uma "vingança" do sistema contra ele. Deltan mencionou conversas em que, por exemplo, o ex-deputado Eduardo Cunha teria afirmado a um colega que faria com que ele fosse cassado. Na avaliação dele, houve motivação política — e não técnica — para que ele perdesse o mandato.
Entre outras questões, Dallagnol também falou sobre o salário que recebe do Novo, de R$ 41 mil. O valor é pago pela legenda, que reúne recursos a partir de filiados e também do uso do Fundo Partidário (dinheiro público). O fato chama a atenção justamente porque a legenda sempre se posicionou contra o uso de dinheiro público em campanhas e para os partidos. A mudança de entendimento sobre usos desses recursos é uma decisão de março deste ano (aprovada em convenção nacional, com apoio de 85% de seus integrantes). Com a mudança, o partido passou a aprovar o uso do montante proveniente dos rendimentos do fundo.
— O Novo sempre foi contra o fundo. Ele segue sendo contra o fundo, mas ele passou a entender, no amadurecimento da sua decisão, que não adianta você entrar num jogo que tem 11 jogadores de futebol jogando com cinco. Não adianta você ir pra guerra com um estilingue. Hoje, existe um sistema em que o fundo é absolutamente essencial para que as pessoas possam entrar no jogo político. E por isso, se é absolutamente essencial, o Novo decidiu passar a usar o fundo partidário, o fundo eleitoral, para, entrando na política, lutar por essa transformação. É o único modo de você trazer a transformação que é necessária. Assim como todos os outros partidos usam, se o novo não usasse ele não conseguiria ser um e estar nessa disputa.
Dallagnol acrescentou que o salário lhe é pago por um trabalho que ele exerce, "servindo à sociedade":
— Da mesma forma como eu servi à sociedade recebendo o salários ao longo da minha vida como procurador, depois como deputado federal, eu hoje estou recebendo um salário para servir a sociedade. É da mesma forma, numa outra trincheira. E um salário compatível com aquele que eu sempre recebi como servidor. Aliás, se eu tivesse preocupado com o salário, eu não estaria, em primeiro lugar, seguindo na política estaria trabalhando na iniciativa privada. Mais ainda: antes, eu não teria saído do Ministério Público quando eu tinha uma condição muito mais confortável não só de salário, de condições de trabalho, mas também de perspectiva de aposentadoria — acrescentou.