O aceno de parte de líderes do PSDB ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, voltou a mexer as peças do tabuleiro tucano nesta semana. Em Brasília, Leite se reuniu com integrantes do partido nesta terça-feira (15) e fez reacender rumores de que poderia haver a construção de um cenário em que João Dória desistisse de sua pré-candidatura. Vale lembrar: Dória venceu Eduardo Leite nas prévias, processo de escolha interna realizado pelo PSDB, em novembro de 2021.
De São Paulo, aliados do governador Dória dizem que é zero a chance de ele desistir da disputa ao Palácio do Planalto. E, inclusive, identificam digitais de Aécio Neves, desafeto de Dória, na movimentação pró-Eduardo Leite dentro do partido.
Nos últimos dias, circulou nos bastidores um movimento de conversas tucanas com outros partidos que aceitariam compor para a chamada "terceira via". Entre eles, MDB (hoje, a pré-candidata é Simone Tebet) e União Brasil (pré-candidato Luciano Bivar). Em uma das frentes ventiladas internamente por tucanos, estes partidos estariam dispostos a formar uma coligação nacional, porém teriam preferência por Eduardo Leite em relação a Dória.
Nesta quarta-feira (16), Leite foi questionado sobre o tema pela coluna e por repórteres que o acompanhavam no evento que abriu a programação de palestras na Federasul, entidade que reúne empresários gaúchos. Na discussão, a razão pela qual Leite estaria conversando com PSDB sobre pré-candidatura, se ele saiu derrotado nas prévias contra Dória.
Leite disse que não estava fazendo "leilão", como criticam opositores, e que o movimento partiu do PSDB e não dele.
- Eu respeitei as prévias do PSDB. Logo depois das prévias, visitei o vencedor, o governador João Dória. Conversei, me coloquei à disposição. Questionei a ele justamente qual era o seu projeto, a estratégia para lidar com essa situação que as pesquisas demonstraram, é difícil, mesmo no seu Estado, que é o maior Estado do país, ele apresenta dificuldades nas pesquisas, isso precisa ser contornado. Vai fechar quase quatro meses que as prévias aconteceram. E não só não teve crescimento, como também o fato de ter reduzido a intenção de votos gerou uma busca por alternativas, por uma série de pessoas, lideranças políticas. E muitas pessoas enxergam que eu posso liderar isso. Daí é que começou uma nova provocação. Não foi algo que eu procurei. Eu fui procurado novamente por aqueles que entendem que eu possa… algo que possa ser apresentado a população, que mais possa falar de futuro do que de passado.
Lembrando que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tem conversas adiantadas com Leite sobre a possibilidade de filiá-lo ao partido para dispute a Presidência pela legenda. A decisão deve ser anunciada na próxima semana.
Caso opte por se lançar à Presidência, Leite tem até 2 de abril para renunciar ao cargo de governador.