Que o momento é crítico em relação ao avanço da pandemia no Rio Grande do Sul não há dúvida. Na última sexta-feira, na apresentação do mapa preliminar do distanciamento controlado, onze regiões do Estado foram classificadas com a bandeira preta — a mais grave no modelo adotado pelo Poder Executivo. Entre elas, a capital Porto Alegre.
Nesta segunda-feira (22), o governador do Estado, Eduardo Leite, trouxe um número ainda mais preocupante. A fala foi durante entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Ao fazer um comparativo com outros momentos críticos da doença em solo gaúcho, Leite citou a primeira e a segunda onda de covid-19:
— Na primeira onda, em julho do ano passado, o Rio Grande do Sul tinha 64 novos pacientes internando por dia. Na segunda onda, em torno de 67. Agora são 170 novos infectados sendo internados, em média, por dia. Esse é o nível da gravidade — afirmou.
Como se vê, o número atual de novos infectados que precisam de internação é quase três vezes maior do que na primeira e na segunda ondas. Daí a classificação com bandeira preta e vermelha que pintou o mapa do Estado na última sexta-feira.
O dado é preocupante por conta da possibilidade de esgotamento do sistema de saúde, já que as UTIs estão com percentual de ocupação próximo de 100%. Diversas são as instituições hospitalares que passaram a restringir atividades por causa da possibilidade de colapso (quando não há mais vagas) na estrutura de saúde. O Hospital Conceição, por exemplo, anunciou a suspensão das cirurgias eletivas por duas semanas a partir desta segunda-feira (22), entre outras providências.
O governador, contudo, explicou que a decisão sobre quais regras prevaleceração (se as estabelecidas pela gestão estadual, ou um compartilhamento com as prefeituras) sairá de reuniões que serão realizadas nesta segunda-feira. Em Porto Alegre, especialmente, há pressão de entidades que argumentam para que a cogestão seja retomada, a fim de não penalizar pequenos comércios e serviços, brutalmente atingidos pelos efeitos econômicos das restrições ao longo de 2020.
Leite salienta que a população elegeu representantes nas últimas eleições, e fez questão de destacar os prefeitos, sinalizando que a responsabilidade não deve ser somente do governador. Ontem, além de bares, restaurantes e comércio, entidades de ensino privado também apresentaram argumentos para que o modelo de cogestão prevaleça.