A deputada federal Maria do Rosário (PT) conversou com a coluna nesta quinta-feira (20) sobre as vaias disparadas contra ela e outras parlamentares eleitas durante a cerimônia de diplomação, realizada na quarta-feira (19) na Casa da Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Reeleita com 97 mil votos, Rosário levou à cerimônia uma bandeira como a frase 'Somos Milhões de Lulas'.
Assim como ela, Luciana Genro (PSOL), eleita para a Assembleia Legislativa, e Fernanda Melchionna (PSOL), que assumirá uma vaga na Câmara dos Deputados, foram alvos de gritos e vaias. Elas levaram cartazes que faziam referência à vereadora Marielle Franco, assassinada com motorista Anderson Gomes em março deste ano, no Rio de Janeiro. Até hoje, o crime não foi completamente esclarecido pelas autoridades.
Maria do Rosário diz que as vaias não lhe afetam.
— A política cedeu a uma infantilidade — avalia.
Os vídeos com as manifestações realizadas durante a cerimônia viralizaram no Twitter.
Prestes a iniciar mais um mandato na Câmara dos Deputados, Rosário divide com a coluna uma percepção sobre o que classifica como "ausência de senso de democracia". Ela lembra que conviveu com colegas de oposição muito respeitosos, com os quais gostava de dialogar.
— Fui colega de Jair Soares, do (João) Dib, de pessoas equilibradas. Até mesmo na Câmara dos Deputados — disse.
Foi na Câmara, aliás, que Rosário e o presidente eleito Jair Bolsonaro protagonizaram discussões calorosas, que repercutiram nas redes sociais.
A reação de parte dos presentes no auditório nesta quarta-feira (19) teve, além das vaias, o gesto com as mãos que simboliza uma arma, característico do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Durante a campanha eleitoral, o gesto foi realizado várias vezes — inclusive em uma cadeira no quarto do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, enquanto Bolsonaro se recuperava de uma cirurgia realizada após o atentado contra ele.
— Eles gritaram "mito" pra quem fazia símbolo de arminha. Mas não pensem que o símbolo de arminha me assusta. Esse segmento precisa se acostumar mais com o trato democrático. Símbolo de arminha não vai me assustar — afirmou à coluna.
Apesar das vaias, a deputada ressaltou as falas do governador eleito, Eduardo Leite, e do presidente do TRE-RS, Jorge Luís Dall'Agnol, na cerimônia. Segundo ela, Dall'Agnol lembrou que a política gaúcha sempre foi vista como "qualificada" perante o centro do país. Já o governador eleito destacou que todos os políticos eleitos e presentes ali eram "igualmente legítimos".