O governo gaúcho alterou a data do leilão do Jardim Botânico de Porto Alegre. A disputa estava agendada para a próxima quinta-feira (8).
O aviso de reagendamento foi publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (2). De acordo com o secretário executivo de Parcerias do Rio Grande do Sul, Marcelo Spilki, o adiamento atendeu pedido de algumas empresas.
- Há um excesso de projetos de concessão de parques em todo o Brasil e poucos players especializados na área. E, todos, com leilão muito próximo. Entendemos os pedidos e avaliamos que adiando teremos mais chances de participação de um maior número de empresas e, consequentemente, maior competitividade - avalia Spilki.
A nova data foi agendada para 22 de dezembro. A entrega das propostas dos interessado ocorrerá até três dias antes. Os demais itens do edital não foram alterados.
A concessão
A concessão do parque tem previsão de investimentos de aproximadamente R$ 247 milhões, e teve o processo de modelagem realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com apoio do consórcio Araucárias e do Instituto Semeia. O contrato terá duração de 30 anos. A ideia anterior do governo era realizar a concorrência até o fim do ano passado.
Assim como determinou nos parques da Serra, o edital não prevê o valor do ingresso. A avaliação do tíquete será feita pelo vencedor da disputa. Atualmente, o bilhete custa R$ 6 para adulto - há desconto para idosos e estudantes. O valor para entrar com o carro é de R$ 11.
O vencedor terá liberdade para vender pacote de ingressos antecipado para agências e operadoras de turismo. Nos dias de maior movimento ele pode colocar o ingresso um pouco mais alto e, durante a semana, poderá dar um desconto.
Primeiros sete anos
O edital prevê investimentos de até R$ 27,32 milhões nos sete primeiros anos da concessão. A outorga mínima para concessão será de R$ 128,9 mil, além de parcelas mensais correspondentes a 1,05% da receita operacional bruta, a partir do 13º mês da operação. Os recursos mensais serão aplicados em ações como educação ambiental, programas de pesquisa visando à conservação e preservação das espécies, cursos e ações de capacitação, iniciativas relacionadas às coleções especiais e programa de voluntariado.
Para participar da concorrência, os interessados devem comprovar experiência de 12 meses em gestão de atrativos similares. Os ativos administrados pelos candidatos devem ter fluxo médio mínimo de 26 mil usuários por ano.
O novo administrador deverá manter o Museu de Ciências Naturais e reformar o pergolado, além de construir um jardim sensorial. Foram feitas apenas pequenas adequações do que estava previsto no estudo de concessão.
O parque
O Jardim Botânico de Porto Alegre completou 64 anos em setembro. O parque tem 36 hectares e conta com o Museu de Ciências Naturais, incluindo laboratórios, salas de exposições e de coleções científicas, formando um acervo diversificado de exemplares de animais, plantas e fósseis. Segundo o governo gaúcho, hoje ele é considerado um dos cinco maiores jardins botânicos brasileiros.
A ideia de organizar um Jardim Botânico em Porto Alegre vem do rei português Dom João VI, que era um grande admirador de plantas. Em 1808 foi criado o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um dos mais antigos do País. Dom João chegou a enviar alguns exemplares para o Rio Grande do Sul, mas essas mudas não passaram do município de Rio Grande, onde algumas foram plantadas. Outras tentativas foram feitas, mas só em 1953 foi aprovada a lei que alienava algumas chácaras da capital e estabelecia uma área para a criação de um parque de recreio ou Jardim Botânico.
A partir da década de 1970, seguindo um movimento mundial de conservar espécies regionais, o parque passou a se focar nas plantas nativas, especialmente nas que correm o risco de desaparecer. Das cerca de 800 plantas ameaçadas de extinção no Estado, 145 estão presentes no parque — ou seja, quase 20% delas.