É regra geral que o principal subproduto do sofrimento seja a revolta, coerentemente mais intensa durante o transe doloroso, mas que pode se perpetuar no espírito de quem sofre como uma amargura residual, persistente. Para desespero dos terapeutas da alma e entusiasmo dos fabricantes de antidepressivos. A associação desse sentimento com o desenvolvimento de culpa pode produzir sequelas emocionais insuperáveis. Com graus variáveis de sucesso, as vítimas de tragédias pessoais podem ser recuperadas para a vida útil e tidas com reequilibradas a julgar pelo retorno ao trabalho, a leveza do sono ou a espontaneidade do sorriso. Outros seguem remoendo a dor e subjugados por ela pela vida afora, sem trégua e sem remissão. Esses tipos, em geral, emagrecem, porque não conseguem dar uma pausa no culto à adversidade, nem para um prazer tão primitivo quanto o de comer.
Palavra de médico
Modelos que irrigam a esperança
O ano novo encanta pela possibilidade de recomeçar. Recomecemos na expectativa de que possamos melhorar a vida dos outros
J. J. Camargo