Alguns morrem fazendo planos, como se até a conclusão dos compromissos assumidos, a demissão deste mundo pudesse ser protelada. Outros se amarguram por acreditarem que foram menos correspondidos no amor do que fizeram por merecer, e reclamam da mais amarga das solidões: a que não tem depois. Ainda há os que antecipam o epílogo mergulhando em depressão profunda, que é a mais perfeita imitação da morte, e os que falam sem parar como se fosse possível reaver os discursos protelados e as declarações de amor negligenciadas por falta de motivação ou oportunidade. São frequentes os que repetem à exaustão as maravilhas que fizeram, como se ninguém percebesse o desespero de alardear o encanto do que poderiam ter sido e não foram.
Palavra de médico
O escasso tempo do perdão
Colunista escreve em todas as edições do caderno Vida