
Afinal, a quantas anda o Plano Rio Grande, às vésperas do primeiro aniversário da grande enchente de 2024? A resposta não pode ser medida pelo volume de dinheiro desembolsado, porque pagar é a última fase de uma obra ou de uma compra de equipamentos. O secretário da Reconstrução, Pedro Cappelupi, responde sem pestanejar:
— No meu julgamento, estamos indo muito bem, porque seguimos exatamente o que foi planejado, já aprovamos projetos que somam R$ 8 bilhões e estamos treinando as pessoas para enfrentar futuros eventos climáticos.
Nesse valor não estão incluídas as obras de prevenção às cheias que serão executadas com os R$ 6,5 bilhões do governo federal e que estão em fase de elaboração ou atualização de projetos, em sintonia com o Ministério das Cidades e a chefia da Casa Civil do Palácio do Planalto.
O Comitê Gestor, que se reúne a cada 15 dias, teve novo encontro nesta quarta-feira (16) para atualizar o andamento das iniciativas e identificar eventuais gargalos. Cappelupi ressalta que a primeira fase do trabalho é invisível, porque foi preciso elaborar projetos e termos de referência para as licitações, que precisam seguir rígidos critérios técnicos.
Para efeitos didáticos, Cappelupi detalha o andamento do Plano Rio Grande pelos eixos definidos em 2024. O primeiro é o da preparação do Estado para o enfrentamento de novos eventos climáticos extremos, começando pelo sistema de alertas.
Na próxima semana, o governo assinará os contratos para execução dos serviços de batimetria dos grandes rios, que mostrará a necessidade de dragagem e fornecerá dados para que se possa calcular, em caso de enchente, o tempo que a água vai demorar para chegar a cada município.
O Centro Integrado da Defesa Civil, que vai funcionar na área da antiga CEEE, para onde o governo se transferiu durante a fase crítica da enchente e que serviu de centro de recebimento de doações, está com o anteprojeto pronto, feito pelo BNDES.
A adaptação dos prédios começará nos próximos meses. No Interior, serão montados nove Centros Regionais da Defesa Civil, para garantir rapidez nos sistemas e alerta e no atendimento às comunidades afetadas.
O governo já comprou um radar meteorológico, que está em operação, e está com a licitação aberta para a compra de mais três. Nas próximas semanas deve ser assinado o contrato com a empresa que venceu a licitação para execução do serviço da chamada “modelagem hidrodinâmica”, que permitirá prever o impacto que as chuvas têm no leito dos rios e nas cidades.
Para completar esse ciclo de informações necessárias ao monitoramento estão sendo recuperadas as estações hidrometeorológicas existentes e compradas novas — a licitação deve ser homologada nas próximas semanas. Também está em fase de contratação o mapeamento topográfico que apontará as áreas sujeitas a alagamentos.
— Teremos a base de dados mais completa do país — garante o secretário.
Entre o que já foi ou está sendo feito — fora as obras emergenciais —, Cappelupi destaca a dragagem dos canais de navegação, com investimento de R$ 740 milhões, o desassoreamento de rios e córregos em 150 municípios. Já foram retirados 227 mil metros cúbicos de sedimentos.
Outra frente adiantada é a recuperação de prédios públicos que ficaram alagados na Capital e no Interior, como a Casa de Cultura Mario Quintana, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul e o próprio Centro Administrativo do Estado, este ainda inconclusos.
Para recuperação de 16 rodovias críticas foram aprovados R$ 1,7 bilhões em projetos de drenagem, contenção de encostas e reposição de asfalto. O governo fez os anteprojetos e contratou empresas em caráter emergencial para elaborar o projeto executivo e executar as obras.
Mais R$ 1 bilhão foi aprovado para a área de segurança pública, incluindo a compra de quatro helicópteros com capacidade de operação noturna para a Brigada Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, viaturas, barcos, botes e equipamentos como roupa de mergulho. O primeiro helicóptero deve chegar em maio. Os outros no final deste ano ou início de 2026.
O secretário reconhece que as maiores dificuldades estão na solução dos problemas de moradia, problema que o governo feral também enfrenta. Já foram gastos R$ 500 milhões em casas provisórias e definitivas, mas o governo enfrenta dificuldade na identificação de áreas fora da zona de risco e na preparação da infraestrutura transferir comunidades inteiras, caso das pessoas que moravam no Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, completamente arrasada pela enchente.