![Receita Federal / Divulgação Receita Federal / Divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/1/2/9/7/9/2/1_364d88867959e28/1297921_ca69ce3f31c26e0.jpg?w=700)
A Polícia Federal e a Receita Federal fecharam nesta terça-feira (19) uma grande indústria fumageira clandestina, em Triunfo. Ela fabricava cigarros de marcas paraguaias que não são vendidos legalmente no Brasil. Falsificava os rótulos, portanto, porque não era fumo estrangeiro e nem legalizado.
Estrangeiros eram alguns dos trabalhadores, semiescravos proibidos de deixar a área da indústria. Moravam lá, sem as mínimas garantias trabalhistas e com vigilância permanente sobre seus passos.
A venda de cigarros contrabandeados no Brasil é um negócio de muitas décadas. A novidade neste segundo milênio é a fabricação clandestina, no próprio território brasileiro, das marcas que costumavam vir do Paraguai por meio de contrabando. Isso tem um motivo.
Maior exportador mundial de tabaco, o Brasil é também um dos mais atingidos pela pirataria na indústria fumageira. Parte do fumo, farto em nosso país, é desviado para produção clandestina de cigarros, que não pagam impostos. É lucro fácil para as facções criminosas, que hoje dominam esse mercado.
Essas quadrilhas descobriram que correm menos riscos de serem interceptadas — na vigilância das fronteiras — se aliciarem escravos para que trabalhem aqui mesmo, fabricando marcas estrangeiras. Dezesseis fábricas clandestinas foram fechadas nos últimos nove anos no Brasil. Dessas, quatro eram no Rio Grande do Sul.
O Grupo de Investigação da RBS (GDI), aliás, rastreou os responsáveis por duas delas e comprovou, por meio de gravações, como eles negociam a industrialização clandestina de tabaco e a vinda de operários paraguaios para o Brasil.
O Rio Grande do Sul lidera o problema porque é responsável por 80% do tabaco processado no país. É matéria-prima abundante, que acaba sendo canalizada também pelo crime organizado. Menos mal que a Polícia e a Receita Federal, além da Polícia Civil, têm monitorado a ação desse pessoal que transforma impostos em fumaça.