Em tempos de caos político, qualquer movimentação nos quartéis é sentida por muitos como presságio de golpismo. Recebi pela manhã três mensagens em sequência que comentavam, com espanto, a troca de posto de generais do Exército. Foram 32 mudanças, publicadas nesta quinta-feira (26), no Diário Oficial da União.
Teorias da conspiração começaram a brotar. A mais difundida: o presidente Jair Bolsonaro, temeroso de alguma traição ao seu projeto político, teria feito uma intervenção no Exército.
Só tem um detalhe que os disseminadores de boatos não atentaram: as trocas estavam todas previstas, desde fevereiro. Foi no dia 20 daquele mês que, em reunião de cúpula, o Exército definiu quais generais assumiriam o Estado-Maior, os Comandos Militares regionais e os postos-chaves nesse que é o mais numeroso contingente das Forças Armadas.
Eu mesmo entrevistei, na ocasião, o homem que será o novo Comandante Militar do Sul, general Valério Stumpf, um militar com passagem, como observador da Organização das Nações Unidas (ONU), por duas guerras civis: Bósnia e Angola.
Já o atual Comandante Militar do Sul, Geraldo Antônio Miotto, irá para a reserva. Conforme previsto.
As trocas físicas de comando só devem acontecer em abril, mas era preciso formalizar as decisões no Diário Oficial da União, o que foi feito hoje. Tudo dentro da normalidade.
O único contratempo é que a cerimônia, que deveria ser pomposa, provavelmente será intramuros dos quartéis. Precaução mais do que correta, em meio à epidemia de coronavírus.