Policiais de todo o Rio Grande do Sul estão de luto. Perderam mais um agente em luta direta contra o crime. O escrivão da Polícia Civil Daniel Abreu Mendes foi morto com vários tiros ao cumprir mandado de busca numa casa em Butiá (Região Carbonífera).
Conforme testemunhas, Mendes cumpriu procedimentos, estava de colete à prova de balas e devidamente identificado. Informou que era policial. Nada disso dissuadiu o criminoso de disparar. As balas pegaram entre as duas chapas do colete (no ponto que não é protegido) e no pescoço. Morreu na hora, em frente aos colegas.
O menor de idade que matou o policial civil cometeu um homicídio em 2023 e foi apreendido com uma arma ilegal no ano passado por ter ameaçado um outro adolescente. Nas duas ocasiões, a Polícia Civil pediu a apreensão dele. Numa, foi concedida. Foi apreendido e ganhou liberdade rapidamente, em três meses. Estava solto na manhã desta terça-feira (21), quando disparou contra o servidor público.
Os policiais poderiam ter matado o agressor na hora. Em legítima defesa. Optaram por prendê-lo, evitando mais uma controvérsia judicial. Vai que acusam os agentes de execução? Ao ser preso, o jovem disse que não acreditou que Mendes era policial. Achou que era um matador de quadrilha adversária.
Faz sentido. Cada vez mais as facções compram e usam uniformes similares aos das polícias Civil e Militar para se aproximarem dos criminosos adversários. Fingem que vão prender e matam. E a culpa ainda fica na conta de policiais, que sequer estavam no local.
Não raro policiais de verdade, ao cumprir mandados, são mortos, confundidos pelos bandidos com outros criminosos. É um grave efeito colateral da guerra sem quartel entre facções. Em 2017, o policial civil Rodrigo Wilsen da Silveira foi fuzilado por assaltantes quando ingressou num esconderijo deles, em Gravataí. Ele se idenficiou como policial, mas os bandidos não acreditaram. Morreu em frente à esposa, também agente da Polícia Civil e participante da operação.
Em 2019, outro policial civil, Edler Gomes dos Santos, foi morto ao cumprir mandado de busca numa propriedade rural em Montenegro. Outro agente, Alexandre Machado, foi baleado. Ambos tentavam revistar a residência de um homem suspeito de ser abigeatário (ladrão de gado). O criminoso também foi morto. A investigação aponta que ele desconfiou que não eram policiais e sim inimigos os que chegaram na sua casa. Atirou primeiro, através da porta.
É certo que as polícias têm estudado casos assim, para evitar mais mortes. Uma das maneiras de minimizar o risco é deixar as viaturas identificadas, próximas, para caracterizar uma operação oficial. Mas nada disso impede a paranoia dos criminosos. É uma situação muito difícil e arriscada.