Dias atrás um trio de bandidos sequestrou um rival em Gravataí. O homem foi torturado e morto dentro do carro. A BM fez um cerco e perseguiu os quadrilheiros Região Metropolitana afora, até encurralá-los. Ligados à maior e mais violenta facção criminal de Porto Alegre, os assassinos pretendiam largar o corpo do adversário (ligado à facção do Vale do Sinos) em área de uma terceira facção, inimiga sua na Capital. Colocariam a culpa em quem não estava envolvido no caso. O caso chegou à Delegacia de Polícia quase pronto. Os policiais civis, informados de antemão, coletaram digitais dos bandidos, recolheram toucas, armas e indiciaram os quadrilheiros por homicídio, em poucas horas. Tudo em decorrência das informações que tinham recebido dos PMs autores da prisão, ainda durante a perseguição.
O caso é apenas um dentre vários que resultaram em onda de prisões e no recuo dos homicídios, nos últimos anos, ilustra o coronel Eduardo Otto Amorim, que chefia o Comando de Policiamento Metropolitano da BM. Ele participa de um grupo de WhatsApp do qual fazem parte os delegados regionais da Polícia Civil e os delegados de Homicídios, muitos coronéis e tenentes-coronéis PMs e, num movimento adicional, chefias da Polícia Rodoviária Federal e do Comando Rodoviário da BM.
Por que os patrulheiros rodoviários estão nessa? Porque o crime anda sobre rodas, como bem define o ex-comandante da BM Paulo Roberto Mendes e atual presidente do Tribunal Militar-RS. Quadrilheiro nenhum fica parado após matar. E aos policiais cabe antecipar seus movimentos.
Amorim relata que, semanas atrás, o grupo de WhatsApp recebeu da PRF a informação de que três suspeitos tinham sido presos perto de Passo Fundo, num carro roubado.
- É tudo gente da tua região - informou o chefe da PRF, em referência à Grande Porto Alegre.
Bingo. O trio era procurado por homicídios, informaram os policiais civis do grupo de mensagens. Mais uma vitória da inteligência e dos entrosamento na área da segurança.
Sou do tempo em que, não raro, policiais civis e PMs trocavam empurrões em local de crime. Não partilhavam informações, que eram guardadas a sete chaves. Uma corporação vibrava quando integrante da outra aparecia preso, no noticiário. Aliás, uma informava a mídia quando o outro caia em desgraça.
Agentes do serviço reservado da BM - as P2 dos batalhões - também têm ajudado os policiais civis na coleta de informações nas ruas. Afinal, os PMs existem em muito maior número. Nada do que observam deve ser desperdiçado. A partir dos informes, viaturas de pelotões táticos são deslocadas, prontas para prisão ou confronto. E os policiais civis acompanham pelo WhatsApp, já sabendo que terão serviço: investigação e/ou lavratura de flagrante.
É uma mudança e tanto. A sociedade agradece.