A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

As tarifas do governo dos Estados Unidos podem mexer no tabuleiro global da indústria de máquinas agrícolas. No Brasil, podem representar, inclusive, uma alavanca nas vendas, após um ano marcado por uma redução de 20%, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Esse é o termômetro que vem de fabricantes que estão na 30ª Agrishow, que se encerra nesta sexta-feira (2), em Ribeirão Preto, São Paulo.
Na avaliação de Marcelo Traldi, vice-presidente das marcas Fendt e Valtra na América Latina, é possível que haja uma reorganização de toda a cadeia produtiva.
— Na região (América Latina), a gente vê que pode existir uma demanda vindo da China. E os agricultores estão com sentimento de prontidão — exemplifica, referindo-se à possibilidade de crescimento da demanda por produtos brasileiros como a soja.
Em posicionamento publicado no início de abril, a AGCO, dona das duas marcas e principal exportadora de maquinário no Brasil e na América do Sul, afirmou que a sua prioridade segue sendo a de "servir os produtores de todo o mundo, minimizando o impacto tarifário". Por isso, conforme a empresa, continua-se enviando produtos finalizados nos Estados Unidos para outros países onde não há tarifas aplicáveis.
Além disso, após a decisão de suspender temporariamente as tarifas americanas e outras tarifas recíprocas, a AGCO já começou a retomar o envio de determinados produtos para os Estados Unidos a partir de outros pontos.
No caso da fabricante New Holland, não há impactos visíveis, afirma Eduardo Kerbauy, vice-presidente da marca para a América Latina:
— A gente monitora. Por enquanto, estamos seguindo o nosso caminho, o nosso posicionamento estratégico.
Esse é também é o posicionamento da CNH, dona da New Holland e também de marcas como a Case IH. Em nota, a empresa afirmou que "segue monitorando atentamente as condições de mercado e, até o momento, não prevê alterações em suas operações de exportação a partir do Brasil para os Estados Unidos".
Na exportação de itens do agro brasileira, a tarifa anunciada por Donald Trump, presidente americano, foi de 10%.
*A coluna viajou a Ribeirão Preto a convite de pool organizado pela CDI Comunicação