
Há um antes e um depois da Expodireto Cotrijal na mobilização para uma repactuação das dívidas de produtores gaúchos afetados pelos problemas climáticos. Foi nos corredores da feira, que terminou com um debate sobre securitização e mudanças no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que se firmou um consenso sobre o que e como buscar uma solução para o passivo acumulado por intempéries.
Em outras palavras, há uma unidade do setor quanto à solicitação ao governo federal para resolver a questão e de que forma é possível concretizar a solução. E essa direção única é o que pode fazer a coisa avançar.
O auditório central lotado e o grande público que acompanhou do lado de fora a audiência pública do Senado, na sexta-feira (14), no último dia da Expodireto, mostram o tamanho da preocupação e a urgência na definição. A ferramenta buscada é a da securitização, proposta em dois projetos de lei. Um protocolado no Senado por Luís Carlos Heinze e outro, na Câmara, pelo deputado federal Pedro Westphalen.
O recurso já foi utilizado no passado e significa reunir todos os débitos, acumulados após quatro estiagens e uma enchente, em contrato único, com prazo alongado para pagamento e período de carência.
Economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz garante que há uma forma de viabilizar a medida sem onerar os cofres públicos, mas os detalhes ainda não são divulgados.
A pressa na definição tem a ver como calendário das contas e o da safra. Se ficar inadimplente, o produtor fica sem acesso ao crédito oficial. Na prática, isso pode representar mais endividamento ou até mesmo a desistência da atividade, garantem representantes do setor.
A coesão no pedido tende a ter resultados mais assertivos. Exemplos da história recente da própria feira mostram isso. Foi com a pressão vinda do asfalto do norte do Estado, com direito a tratoraço dos produtores, que se avançou no processo para a liberação do plantio dos transgênicos no Brasil, no início dos anos 2000.