A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

O preço do arroz está de volta ao centro do debate, desta vez, pela queda nos valores ao produtor. O movimento, que costuma acontecer com a entrada da nova safra, é visto com preocupação pelo setor em razão da velocidade. Nesse cenário, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou, nesta sexta-feira (21), a antecipação da entrega dos contratos de opção de venda do cereal.
O mecanismo, que garante a possibilidade de compra pelo governo federal, foi viabilizado em leilões no final do ano passado. E teve interesse aquém da oferta — havia R$ 1 bilhão em recursos para a aquisição e foram utilizados R$ 162 milhões. A entrega do arroz negociado foi antecipada para abril — a previsão inicial era agosto.
Preocupada com o recuo nas cotações neste momento, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz-RS) mantém, no entanto, contrariedade às ações. Para a entidade, a compra e a formação de estoques de arroz não eram necessárias.
— Isso é intervencionismo. Hoje, pelo que aconteceu no mercado, pode ser um preço que ajude a trazer um piso ao mercado interno, mas R$ 80 não cobre o custo — observa Alexandre Velho, presidente da Federarroz-RS.
Os produtores que optaram pela venda receberão R$ 81,05 por saca. Neste momento, o valor é levemente superior ao praticado pelo mercado — R$ 79,68 a saca, conforme o indicador Cepea/Irga.
Com uma área de 7,8% maior nesta safra e perspectiva de colheita até 11,7% maior, o Rio Grande do Sul respondeu pela maior fatia dos contratos. Dos 3.396 em todo o país, 2.165 vieram do Estado.
À época do lançamento da medida, o preço de negociação para os contratos de opção foi considerado não atrativo, porque a cotação da saca era superior a R$ 100.
— Naquele momento, era baixo realmente (o preço estipulado para o arroz), mas fizemos uma leitura de mercado, de que iria cair neste período. E foi o que ocorreu — afirmou Edegar Pretto, presidente da Conab.
Para a Federarroz, no entanto, a queda antecipada dos valores do grão foi reflexo dos leilões da Conab, "que desequilibraram o mercado".