
A retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China não é nenhuma surpresa diante das advertências emitidas durante a campanha do agora presidente americano, Donald Trump. Embora não seja uma novidade, o embate traz diferenças em relação ao primeiro round, na gestão anterior do republicano. E que poderão trazer efeitos semelhantes e, ao mesmo tempo diferentes para o agro brasileiro.
_ As medidas tendem a derrubar o preços dos grãos nos EUA e elevar os prêmios no Brasil, trazendo uma vantagem importante para os produtos brasileiros _ avalia o economista-chefe da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Antônio da Luz, sobre o impacto.
O prêmio é uma espécie de bônus para determinado produto, pode ser positivo ou negativo, dependendo da demanda. E é um dos componentes da formação de preços da soja, commodity balizada pela Bolsa de Chicago, em reais.
Nesta terça-feira, com o mercado ainda em andamento, as cotações do grão, independentemente do mês de vencimento do contrato, traziam baixas.
Dessa vez, no entanto, os chineses não foram pegos de surpresa. E as lições que ficaram do primeiro capítulo foram levadas em consideração, fazendo com que houvesse uma preparação para a nova disputa. Da Luz lembra que em 2024 o país asiático elevou "bastante os estoques e importou muito mais do Brasil do que dos EUA, de modo que as medidas não sejam tão impactantes como foram da outra vez".
Outro ponto de atenção, para acompanhar mencionado é em relação a subsídios que Trump possa conceder para produtores americanos.
_ Isso prejudica os preços internacionais, empurrando para baixo, o que é ruim para o Brasil. Em resumo: é bom para nós, mas não tanto quanto da outra vez _ diz o economista.
Entre 2018 e 2020, o Programa de Facilitação de Mercado liberou US$ 23 bilhões, subsídios que buscavam fazer frente às perdas econômicas geradas a produtores dos EUA em razão da guerra comercial travada.