A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

Em meio a perdas na soja que crescem à medida que as projeções de colheita são atualizadas, o milho e o arroz começam a se confirmar, no Estado, como a "salvação da lavoura" nesta safra. Afetada pela estiagem, a cultura da oleaginosa deve ter uma redução de 17,4% frente ao ciclo passado, conforme a mais recente estimativa da Emater, divulgada durante a Expodireto Cotrijal. Enquanto isso, no milho, a persectiva é de crescimento de 6,1%, mesmo com uma redução de quase 14% em área, na mesma comparação. E no arroz, de alta de quase 13%.
Ainda assim, o volume de soja que deve ser perdido não faz frente com o que se espera ser produzido de arroz e milho. São esperados menos 3,2 milhões de toneladas de soja neste ano, frente a um acréscimo de 200 mil toneladas no milho e de 1 milhão de toneladas no arroz.
Para o assistente técnico em culturas da Emater, Alencar Rugeri, o que fez o milho escapar dos impactos da falta de chuva foi, justamente, o escalonamento do seu plantio.
— A janela de plantio do milho é bastante ampla. Aquele que foi plantado até setembro teve condições climáticas bastante favoráveis durante o florescimento e o enchimento de grãos, com dias quentes e noites mais amenas até dezembro. Se continuasse naquele nível, seria uma das melhores safras de milho da história.
Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que também realiza levantamentos e identifica essa diferença de produções entre culturas nesta safra, cita como outro fator que favoreceu o milho o período em que começou a faltar chuva no Estado:
— O milho, quando começou a rescessão das chuvas, estava com ciclo bem adiantado. Em alguns locais, faltava apenas 20% da área para colher.
No caso do arroz, além do crescimento em área, de, conforme a Emater, 7,8%, Pretto atribui o seu bom desenvolvimento a uma das principais características da cultura aqui no Estado: a irrigação em 100% das lavouras.
— Mesmo tendo sido atingido (o arroz) pela restrição da chuva (com a possibilidade de redução no nível de barragens para irrigação) e pelo excesso de calor, não foi suficiente para afetá-lo. A luminosidade é muito positiva para o cereal — acrescenta Pretto.
Por outro lado, continua Alencar, a soja não teve como "fugir":
— A fase de floração e enchimento de grãos ocorreu em janeiro e fevereiro. Pegou em cheio o período de falta de chuva.