A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

Se a enchente trouxe incerteza, o início da colheita traz a perspectiva de uma nova marca histórica na produção de arroz orgânico do Rio Grande do Sul. A abertura oficial ocorreu nesta quinta-feira (20), em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A cerimônia foi marcada pela dupla celebração: a retomada após a catástrofe climática e as recordes 14 mil toneladas a serem colhidas, em 2,8 mil hectares.
Para Nelson Krupinski, da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap) e do Grupo Gestor do Arroz, a nova marca vem como "uma ressignificação muito importante" ao setor produtivo.
— Depois da enchente, a incerteza era muito grande. E chegamos nesta safra não só com toda área que tínhamos plantada, como um acréscimo de 800 hectares em arroz de transição — justifica Krupinski.
A enxurrada de maio atingiu em cheio 30% da produção do cereal — estimada, na época, em 14 mil toneladas. A água também alcançou parte do que já havia sido colhido e estava guardado em armazéns, para comercialização. E levou embora todo o estoque de sementes.

Entre os fatores que contribuíram para este cenário, Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que participou da abertura, citou as condições climáticas favoráveis e as políticas públicas voltadas para esse segmento. No caso do tempo, a falta de chuva combinada com dias de sol intenso contribuíram para a alta produtividade — 100% das lavouras são irrigadas.
— E o governo federal possibilitou a anistia, a prorrogação das dívidas dos assentados e comprou sementes. Cerca de 70% das utilizadas nesta safra, durante o plantio, foram adquiridas pela Conab — acrescentou Pretto.
Krupinski, que também é produtor de arroz orgânico, elenca o uso de bioinsumos pelos assentados como outro ingrediente para a receita de sucesso neste ano:
— Melhoramos a produtividade também graças a esses produtos, que são fabricados dentro do assentamento (Filhos de Sepé, em Viamão).
A abertura é organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em parceria com o Grupo Gestor do Arroz Agroecológico.