
Dos vários efeitos possíveis para a guerra comercial travada pelos Estados Unidos com diversos países, incluindo a gigante China, o mais imediato apareceu na Bolsa de Chicago. Em meio às especulações e às retaliações as cotações (em todos os vencimentos) tiveram uma sequência de baixa durante sessões. Nesta quarta-feira (05), abriram em alta.
— O mercado está corrigindo um pouco ( a queda). Boa parte do movimento negativo dos últimos dias tem a ver com essas questões comerciais — avalia Luiz Fernando Gutierrez Roque, coordenador de Inteligência de Mercado na Hedgepoint Global Markets.
Os sinais que chegam não são claros ainda, acrescenta Roque:
— O mercado está um pouco confuso ainda, entende que as negociações estão ocorrendo, poderão ocorrer.
É uma referência aos acenos feitos para abertura de diálogo com potencial de apaziguar os ânimos do novo embate, mais abrangente. Nesse sentido, o diretor da Hedgepoint Global Markets avalia que impactos mais profundos da disputa, sobretudo em relação à China só devam aparecer mais à frente. Como, por exemplo, uma valorização dos prêmios (valores pagos como uma espécie de bônus, em razão da demanda) para a soja brasileira.
— Pensando que tensões podem continuar ou aumentar, poderíamos ter um segundo semestre de embarques acima do normal, com o Brasil tomando essa parcela dos EUA com embarques para a China — completa Roque.
Analista da AgReview e produtora rural, a americana Ellen Dearden entende que, em um cenário de manutenção do embate, o Brasil "ganhará mais espaço":
— A China tem feito muito em termos de infraestrutura no Brasil, e isso os coloca na posição de usá-la, isso já estava em curso.
O que há de certo pelo caminho — e que igualmente pode mexer com preços — é a projeção da safra dos EUA, que começa a ser plantada em abril. Há um indicativo de que a área cultivada poderá ficar menor, já que o valor do milho está mais atrativo. E isso poderia se refletir em um ambiente mais "positivo" nas cotações em Chicago.