A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
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Com números recordes e, como a organização classificou, "surpreendentes", o 37º Show Rural Coopavel leva, para o restante do ano, uma expectativa otimista ao agronegócio brasileiro. Considerada termômetro para o setor produtivo por abrir o calendário dos grandes eventos do ano, a feira, realizada em Cascavel, no interior do Paraná, encerrou nesta sexta (14) com superlativos R$ 7 bilhões em negócios encaminhados e 407 mil visitantes em cinco dias — crescimento de 15,6% e de 4,03%, respectivamente, em comparação à última edição.
Mais do que a perspectiva de safra recorde de grãos, renovada, inclusive, nesta semana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi a rentabilidade das propriedades brasileiras que embalou a movimentação financeira desta edição.
Carro-chefe do faturamento de eventos como esse, as máquinas agrícolas chamaram a atenção. Entre as empresas associadas à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e que expuseram na feira, a percepção é de que as intenções de compras subiram 5,9% em relação à edição do ano passado.
— Claro que há um fator regional. De qualquer forma, quando se tem uma perspectiva de boa safra, o produtor se anima para comprar mais — analisa Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara de Máquinas e implementos Agrícolas da Abimaq.
O dirigente, no entanto, diz não ter "tanta certeza" do que esperar para a segunda metade do ano. Vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Alexandre Bernardes tem uma visão parecida:
— Embora a gente esteja falando de uma super safra, a taxa de juros está alta. É a primeira coisa que o agricultor vê. E está acabando o dinheiro do Plano Safra (e a renovação só é feita na metade do ano).
Para 2025, a Abimaq projeta uma recuperação de 8% nas vendas de máquinas agrícolas, depois de uma queda de 20% em 2024. Já a Anfavea enxerga um cenário parecido ao do ano passado, encerrado com uma queda de quase 20% nas vendas.
O caso gaúcho
No Rio Grande do Sul, o cenário muda.
— O Paraná tem um diferencial do nosso Estado: não teve seca. E aí, claro, a safra cheia incrementa muitos negócios — pondera Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers).
Com a expectativa de que chova mais sobre as lavouras, Bier estima, para 2025, uma queda entre 5% e 6% nas vendas no Estado.