A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A perspectiva de safra recorde no Brasil tem embalado os negócios no 37º Show Rural Coopavel, feira no interior do Paraná que abre o calendário de grandes eventos do agro no ano. E, ao mesmo tempo, ampliado a distância entre o cenário vivido pelo setor do Rio Grande do Sul. No Estado, a estiagem avança sobre a produção agropecuária gaúcha, com possibilidade de quebra à vista.
A Ihara, empresa de defensivos agrícolas, é uma das marcas na feira que projeta crescimento nas vendas com a colheita nacional estimada.
— Quando a gente fala em soja, a expectativa é de produtividade acima da média. Nós estamos falando de 170 milhões de toneladas na safra 2024/2025, mesmo com algumas secas — justifica João Tomás, gerente de marketing regional da empresa.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Ireneu Orth, "o Estado vai ficando para trás":
— A quebra que o Rio Grande do Sul registrar com a estiagem será, inclusive, compensada pela produção do Centro-Oeste e do Matopiba.
A situação atual das lavouras, de acordo com Alencar Rugeri, assistente técnico de culturas da Emater, é crítica, principalmente para a soja e para o milho:
— Se não houver chuva generalizada, só vai piorar. Ainda mais com a temperatura como está. As plantas resistem só até um certo ponto.
Enquanto isso, o governo do Estado segue com o edital do Programa de Irrigação, que dá subvenção de 20% do valor do projeto, limitado a R$ 100 mil por beneficiário, aberto. Até o momento, já foram recebidas 670 inscrições de projetos. O Estado conta com apenas 4% da área de sequeiro irrigada.
No Show Rural Coopavel, há diversas tecnologias para auxiliar o produtor a combater o tempo seco, de máquinas para irrigação à cultivares resistentes ao déficit hídrico. No entanto, Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja, pondera:
— A irrigação, sozinha, não é a solução para combater a estiagem. Até porque a gente tem também que cuidar dos nossos aquíferos. Tem ter também manejo, bioinsumos e cultivares.
*A coluna viajou a convite do Pool de Imprensa Show Rural Coopavel
