A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
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Em meio ao salto no preço dos ovos nas prateleiras dos supermercados, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) veio a público, nesta terça-feira (18), esclarecer o contexto dessa valorização no país — e a expectativa de duração desse cenário. Ainda assim, em nota, a entidade garantiu se tratar de uma alta "sazonal".
A valorização, neste período, explicou a ABPA, é esperada porque antecede a quaresma — quando católicos praticam o jejum e substituem o consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos.
Sobre a normalização dos preços, a entidade projeta para o fim da quaresma — metade de abril —, quando será reestabelecido os patamares de consumo de outras proteínas.
Presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, que já havia informado à coluna a manutenção desse cenário altista no início do ano, pondera, no entanto, que o setor "sabe dos custos de dentro da porteira":
— Não sabemos o que acontece fora dela, no varejo.
Os motivos da alta
É a lei da oferta e da demanda. No campo, a oferta ajustada pode ser explicada pelas altas temperaturas, que têm impacto direto na produtividade das aves. Nos supermercados, a comercialização de ovos aqueceu pela "demanda natural da época", conforme a ABPA.
No entanto, o preço valorizado se deve também aos custos de produção elevados, que acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens.
No Rio Grande do Sul, o cenário é ainda mais delicado, lembra Santos:
— O Estado sofreu com a enchente, quando tiramos o pé do acelerador para recuperar o prejuízo na infraestrutura, e a doença de Newcaslte, diferente do restante do país.
Ainda em nota, a ABPA esclareceu que, embora em alta, as exportações de ovos têm efeito "praticamente nulo" sobre a oferta interna, já que representam menos de 1% das 59 bilhões de unidades que deverão ser produzidas este ano no Brasil. Com uma crise de abastecimento da proteína em razão do agravamento da influenza aviária, o Rio Grande do Sul projeta ampliar embarques para os Estados Unidos.