A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

Em meio a perdas na soja e no milho decorrentes do tempo seco, o arroz pode "salvar a lavoura" nesta safra de verão. É esse alento que deve marcar o tom da abertura oficial da colheita do cereal, nesta quinta-feira (20), em Capão do Leão, no Sul.
Organizadora do evento que marca o início da colheita, a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS) projeta que a produção cresça até 11,7% neste ano, alcançando a marca das 8 milhões de toneladas. Para Alexandre Velho, presidente da entidade, será "uma boa safra":
— Traz tranquilidade ao abastecimento do mercado interno e a certeza de que a exportação também vai acontecer.
Entre os fatores para esse cenário está a condição climática. Sim, por incrível que pareça. Se na soja e no milho a estiagem tem trazido prejuízos à produtividade dos cultivos, para o arroz, o efeito é oposto. A alta incidência de luz solar favorece a produção da cultura, explica Jossana Cera, meteorologista e consultora técnica do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga):
— O que o cereal gosta é de sol na cabeça e água no pé (referindo-se ao cultivo, que é 100% irrigado no Estado).
Segundo Velho, da Federarroz-RS, nem o nível dos reservatórios o tempo seco prejudicou neste ano:
— Porque viemos de um ano de chuva em excesso. Começamos a safra com reservatórios cheios.
No entanto, o que "não foi tão positivo", pondera Jossana, foram as altas temperaturas, acima de 35ºC, em alguns municípios. Em lavouras que se encontram no período de floração, o calorão pode causar esterilidade no cultivo, reduzindo a produtividade.
— Mas não acredito que vá reduzir muito a produtividade (em razão do calorão) — acrescenta a técnica.
Além disso, o acréscimo de cerca de 20 mil hectares à área plantada final no Estado também poderia, mas não deve trazer efeito na balança, adianta Velho. O grão foi plantado fora da janela de plantio ideal — o que impacta, diretamente, na produtividade da lavoura.
— Se juntar a área plantada em dezembro e em janeiro (a janela ideal do arroz no RS é ate novembro), são particamente 100 mil hectares que não vão render tão bem nesta safra — acrescenta o dirigente.
Daqui para frente, para que se confirme a estimativa de colheita da Federarroz-RS, a preocupação maior é com relação à previsão de chuva, que, segundo Jossana, podem atrapalhar o andamento da colheita.