A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Aperitivo apreciado pelos hermanos no churrasco, a entranha está mais "salgada". Em 2024, foi o corte bovino que mais encareceu. O Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), da UFRGS, calcula uma variação acumulada no preço da proteína de 39% no ano. O preço médio do quilo fechou em R$ 43,20.
Em supermercados na capital gaúcha, há quem encontre o produto custando quase três vezes mais do que o valor praticado nos últimos 60 dias.
À coluna, o coordenador do NESPro, professor Júlio Barcellos, atribuiu essa alta a uma maior procura pelo corte:
— Há uma demanda quase que pontual, o que gerou um aumento no preço para consumidor. Vale dizer que todas as carnes subiram.
Considerando a carne bovina no geral, a alta foi de 23%, ainda segundo o NESPro.
O professor pondera, no entanto, um possível impacto no consumo da entranha:
— Esse corte não é feito em grande escala, mas em pequenas porções, como aperitivo, entrada. Mesmo com preços mais elevados, não trava o consumo. É como se fosse meio quilo de coração de frango, para comer na forma picada.
A entranha no cardápio dos gaúchos
Inicialmente, a entranha era considerada um corte "muito barato", por ser um músculo de pouca aceitação no Estado. É a parte de dentro da costela do animal, uma espécie de fraldinha do diafragma.
— Por influência dos hermanos (Uruguai e Argentina), o porto-alegrense começou a se familiarizar e aumentou a demanda, transformando (a entranha) numa iguaria — contextualiza Barcellos.
Diversos frigoríficos no Rio Grande do Sul, hoje, fazem esse corte. No entanto, a produção é pequena, porque vem de um músculo muito pequeno. Comparando com o frango, é como se fosse o coraçãozinho.