Ferramenta considerada um seguro para os períodos recorrentes de estiagem — e a falta de chuva do momento, volta a preocupar —, a irrigação ainda ocupa um espaço tímido na produção de grãos do Rio Grande do Sul. Ainda assim, o programa do Estado criado para incentivar a ampliação da área com o sistema está com dinheiro "sobrando". Até o momento, apenas 10% do total disponibilizado para subsídio aos produtores foi empenhado.
Parte das ações do Supera Estiagem, o programa de irrigação está na segunda fase e tem prazo para receber propostas aberto até abril. Nessa etapa, a subvenção é de 20%, com um teto de R$ 100 mil por produtor. Já chegaram para análise 392 projetos, dos quais 373 foram analisados, e desses 286 já receberam a aprovação.
Essa quantia de projetos pode acrescentar 7,73 mil hectares irrigados, com o valor a ser subvencionado podendo alcançar R$ 19 milhões.
— Buscamos tanto o seguro agrícola... a irrigação é o seguro agrícola mais garantido — reforça Clair Kuhn, secretário estadual de Agricultura.
Ao lançar o programa, há quase um ano, o governo do Estado colocou na mesa R$ 213 milhões, com uma meta de ampliar em torno de 100 mil hectares a área irrigada. Esse espaço representaria 33% do total cultivado no sequeiro (o que não inclui o arroz, 100% irrigado). Hoje, apenas 3,2% da área de soja conta com o sistema, e 15% da de milho.
— Vamos apresentar ao governador a atual fase e já pedir uma terceira ou a complementação desse edital — adianta Kuhn.
Na fase 1, foram empenhados R$ 2,4 milhões com 226 projetos. Na etapa, o subsídio, também de 20% do valor do projeto, tinha como teto o valor de R$ 20 mil.
A região do Estado que mais apresentou propostas foi a das Missões/Noroeste: 34. O titular da Agricultura avalia que por sofrer com a estiagem há mais tempo, essa área tem direcionado mais esforços para a implementação do sistema.
Em segundo, aparece o Planalto Médio, com 27 propostas. Lá, a capacidade energética está impulsionando o aumento da área irrigada.
Kuhn pondera que a catástrofe climática vivida no Estado em 2024 acabou causando um lapso temporal no avanço do programa.
— Há uma questão também cultural, de costume. Muitos ainda não entenderam a importância de se investir em irrigação — acrescenta secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti.