A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Foi a doença de Newcastle (e não a tragédia climática de maio) que puxou para baixo as exportações de carne de frango do Estado em 2024. É o que avalia a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), a partir dos dados divulgados nesta semana pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). No ano, o Rio Grande do Sul embarcou 670 mil toneladas da proteína, queda de 6,3% em comparação ao ano anterior.
— O impacto foi até menor do que o que poderia ter sido, porque nós (setor, governos estadual e federal) tivemos agilidade na solução do caso — avalia José Eduardo dos Santos, presidente da Asgav.
A doença foi registrada em Anta Gorda, no Vale do Taquari, em julho do ano passado. E motivou o Brasil a declarara o autoembargo da exportação da proteína. Apesar do foco encerrado, ainda há países, como China e Chile, que seguem com suas importações suspensas.
Com relação ao gigante asiático, que é o principal destino da carne de frango gaúcha, Santos ainda comenta:
— Estamos com expectativa de uma liberação em breve. A China enviou uma série de questionamentos, pedindo informações além das oficiais, e essas informações já foram enviadas. Falta a análise do governo chinês.
Apesar do rastro de destruição que deixou, a enchente impactou os embarques apenas de forma "momentânea", explica o dirigente:
— As indústrias afetadas conseguiram direcionar parte dos volumes para outras unidades.
Apesar da queda, o Estado manteve a terceira posição na liderança entre os principais exportadores, atrás do Paraná e de Santa Catarina.
Já no Brasil, o cenário foi diferente. O país fechou 2024 com recorde nas exportações.
Carne suína
Por outro lado, na carne suína, o Rio Grande do Sul fechou o ano com crescimento de 3,2% nas exportações, mesmo após a enchente. O volume embarcado chegou a 289,9 mil toneladas e manteve a posição de segundo lugar no ranking nacional entre os Estados, atrás de Santa Catarina.
Apesar do cenário positivo, o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), José Roberto Fraga Goulart, pondera:
— Foi o Estado que menos cresceu em volume em 2024 no Brasil.
Entre os fatores, Goulart cita a enchente, o crescimento da demanda interna em dezembro e a abertura do mercado para as Filipinas no segundo semestre.