A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
É a combinação entre uma maior oferta e uma menor demanda que tem puxado para baixo o preço do tomate no Rio Grande do Sul. Na Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS), em Porto Alegre, a queda no valor chegou a 26,6% nos últimos dois meses. Na última semana de dezembro, o preço do quilo do tomate gaúcho ficou em R$ 5,50 no complexo. O contrário do que ocorreu, inclusive, no último ano.
E o cenário deve continuar assim até o começo de fevereiro, projeta Maicon Berwanger, coordenador do Centro de Treinamento de Agricultores de Teutônia e extencionista da Emater:
— O mercado é volátil, mas imagino que não deve reagir (o preço) até lá.
De acordo com o técnico, nesta época, muda-se o hábito de consumo, já que boa parte da população "migra" para o Litoral. Os produtores, então, acabam tendo de buscar outros meios de escoamento da produção.
Além disso, o Estado está colhendo uma "super safra", acrescenta Berwanger:
— Depois de agosto, não tivemos eventos climáticos prejudiciais, como geada fora de época, por exemplo, e falta de chuva.
Outro fator que contribuiu para a alta é a área plantada, que ficou maior.
— O preço do tomate atingiu recorde no ano passado, o que acabou animando os produtores no inverno a ampliar a área.
Cenário nacional
No mercado do tomate para extrato, com produção em Goiás, Minas Gerais e São Paulo, o cenário de baixa é parecido. A queda no preço da polpa no mercado internacional tem puxado para baixo o valor no mercado interno brasileiro, explica Raimes Basilio, consultor agrícola da Associação Brasileira dos Processadores e Utilizadores de Tomate Industrial (Tomate BR).
Paralelamente, o custo de produção ficou mais caro pela variação do dólar. Diante de uma margem pequena de lucro, Basilio teme "desistência do cultivo".