A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A formalização do trabalho de safristas para a colheita da uva disparou no Rio Grande do Sul no último ano. De 2023 para 2024, entre os meses de janeiro e março, o número de pessoas físicas registradas nesta ocupação saltou de 2.006 para 8.396, conforme levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego que a coluna teve acesso. A quantidade de empresas registradas também cresceu, de 714 para 1.089, na mesma comparação.
Para o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), Luciano Rebellatto, esse aumento tem a ver com uma mudança cultural que o setor vive após a operação realizada pela Polícia Rodoviária Federal, pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pela Polícia Federal em fevereiro de 2023, em Bento Gonçalves. Na época, as autoridades resgataram 210 trabalhadores na safra da fruta em situação análoga à escravidão.
— Neste ano, está muito mais fácil de falar com o produtor, de mostrar que há uma segurança maior na contratação formal tanto para o trabalhador quanto para o patrão — detalhou o dirigente, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Garibaldi.
E a percepção de Rebellatto vem tanto dos pomares quanto do escritório. É que os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, junto com escritórios parceiros de contabilidade e empresas de saúde ocupacional, que realizam a formalização dos safristas no Estado — que é obrigatória. No município de Garibaldi, por exemplo, o custo aproximado do empregador para cada safrista formalizado chega a R$ 500 para 30 dias (incluindo FGTS, laudos, eSocial e outros custos). Além da remuneração diária, que está em torno de R$ 160.
Mais sobre os safristas
Para a colheita da uva no Estado, em torno de 8 mil safristas vêm ao Rio Grande do Sul na época da vindima. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, a maior parte da mão-de-obra (53%) é do Estado, mas há também trabalhadores que vêm do Nordeste e do Centro-Oeste e de países como Argentina, Paraguai e Uruguai. O trabalho dura, em média, de 30 a 60 dias.
— Depois, ou essas pessoas voltam para suas cidades, ou continuam o trabalho de colheita em outras culturas. Eles migram da uva para a maçã, depois vão para a erva-mate, para o pêssego — detalha Rebellatto.
Entre os municípios gaúchos onde o número de registros de safristas mais cresceram no último ano, está Caxias do Sul (que saltou de 1.920 para 2.115 em um ano), Bento Gonçalves (de 60 para 1.786) e Flores da Cunha (de 123 para 1.471).
— O setor está muito empenhado, desde a vinícola até nós, representantes dos produtores, para que não se tenha mais notícia ruim — reforça o dirigente.