Apesar da distância que separa a região da Alemanha onde foi registrado um foco de febre aftosa e o Rio Grande do Sul, o episódio reforça a máxima de que, em se tratando de vírus, não se pode baixar a guarda. O registro no país europeu foi confirmado na semana passada na região de Brandemburgo, em um rebanho de búfalos. E interrompeu um hiato de quase 40 anos sem casos naquele país.
Com reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) de livre da doença sem vacinação desde maio de 2021, o Estado obteve conquistas importantes a partir da evolução do status sanitário. E por isso todo a prevenção é pouca e se faz necessária para preservá-lo.
— Esse surto na Alemanha comprova que não existe risco zero. É um fato para tirar da zona de conforto, relembrar de estar vigilante com o rebanho — destaca Rosane Collares, diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal.
Coordenadora estadual do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA-RS), Grazziane Rigon reforça que a globalização, com pessoas e produtos circulando entre os países, "torna o mundo altamente conectado nos dias de hoje":
— E a febre aftosa é um vírus que pode ser carreado através de produtos de origem animal, principalmente cárneos, mas também através das nossas roupas e sapatos.
Ou seja: a prevenção vai além da porteira. Entre as recomendações para produtores, Grazziane lembra da revisão regular do rebanho. Sintomas parecidos com os da doença (feridas na boca, cascos ou tetos, animais babando e/ou mancando) devem ser comunicados o mais rapidamente possível à Inspetoria de Defesa Agropecuária. Outro ponto (veja quadro abaixo) considerado importante refere-se a ações de biosseguridade na propriedade, como a desinfecção de veículos previamente à entrada, principalmente caminhões, restringindo o acesso de visitantes ao rebanho, mantendo a porteira fechada e o perímetro do entorno bem cercado.
Para viajantes, o principal alerta é para não trazer produtos de origem animal de forma ilegal (veja mais dicas abaixo).
— Precisamos nos manter vigilantes para a doença, por mais que estejamos há tanto tempo distantes dela — frisa a coordenadora.
Como prevenir
Na propriedade
- Animais devem ser sempre adquiridos por meio da Guia de Trânsito Anima. Se possível, animais novos devem ser isolados por 15 dias antes de ser integrados ao rebanho
- Criadores de suínos não devem fornecer restos de alimentos (como das refeições da família ou restaurantes) ou resíduos de proteína de origem animal
- Também é importante revisar o rebanho regularmente e, notando algum sinal parecido com a doença (feridas na boca, cascos ou tetos, animais babando e/ou mancando), comunicar a Inspetoria de Defesa Agropecuária o mais rapidamente possível
- Notificações de suspeita de doença e irregularidades podem ser realizadas diretamente à Inspetoria de Defesa Agropecuária ou para nosso whatsapp (51)98445-2033
Para viajantes
- Não trazer produtos de origem animal de forma ilegal
- Caso tenha ocorrido visita à exploração pecuária em área com ocorrência de aftosa, é importante desinfetar roupas e calçados na chegada, além de evitar o contato com outros animais suscetíveis (bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, suínos) por, no mínimo, 48 horas
- Apesar da doença não ter importância zoonótica, o vírus pode permanecer viável em nosso trato respiratório por período entre 24-48 horas, podendo ser transmitido caso não sejam tomadas medidas preventivas