A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Fica em Rosário do Sul, na Fronteira Oeste, à beira da BR-158, a escola que transformou a realidade dos irmãos Jeferson e Matheus Parreira no campo. De uma lavoura prejudicada por intempéries climáticas a uma propriedade multifuncional e mais resistente, os dois viram o negócio familiar decolar depois de se formarem no curso técnico em agronegócio da Fundação Bradesco, no município.
— Mudou, de verdade, as nossas vidas — reforçou Matheus à coluna.
Quando crianças, a propriedade era gerida pelo pai dos dois. Sem estudo, o produtor teve problemas com o clima na lavoura, que acabou interferindo financeiramente no bolso de toda a família.
Foi olhando para dentro de casa que Jeferson, o mais velho, decidiu buscar uma qualificação quando saiu do colégio. E foi nas caronas da Fundação Bradesco para a escola que encontrou um caminho.
Com o curso de quase dois anos feito, ele melhorou a gestão da propriedade, introduziu a pecuária de corte em um sistema de integração lavoura e pecuária e implementou a rotação de culturas, com soja e arroz. Anos mais tarde, Matheus, o mais novo, fez o mesmo curso e se somou ao time. O caderno de anotação para gestão da propriedade deu lugar à planilha de Excel.
— A gestão como um todo te ajuda a ter uma margem melhor, saber como gerir os teus negócios, independentemente se é uma firma ou se é no agronegócio — analisou Jeferson.
Atualmente, a propriedade serve, inclusive, de exemplo aos alunos da Fundação Bradesco. É lá que ocorrem visitas de campo, por exemplo.
— Nossa fazenda fica no caminho da cidade para a escola. Por isso, não tem como fazer errado, a Eunice (Schossler, professora) está sempre olhando, cuidamos em dobro — brinca Jeferson.
Para a professora, que hoje está na direção da escola-fazenda da fundação em Rosário do Sul, a história dos irmãos é motivo de orgulho:
— Os dois procuraram especialização e fizeram a sucessão familiar, mesmo os pais não tendo escolaridade. Foram atrás.
A fundação
Projeto social sem fins lucrativos de investimento privado, a Fundação Bradesco possui 42 mil alunos, todos de baixa renda, e 40 escolas em todo o Brasil. Cinco delas são escolas-fazendas, sendo uma localizada no Rio Grande do Sul.
— Nosso objetivo é transformar vidas através da educação. E esse tipo de feedback (do Matheus) sempre ocorre. A pessoa entra sem uma vocação e sai capacitada para o mercado de trabalho — reforça Eduardo Oliveira, gerente do departamento de fazendas da fundação.
Com duração de quase dois anos, o curso abrange quatro áreas do setor: a produção animal, a produção vegetal, a agroindústria e a gestão.