A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Item de luxo da alta gastronomia, as trufas têm encontrado terreno fértil de produção no Rio Grande do Sul. A descoberta da iguaria do tipo sapucay, que se desenvolve associada ao cultivo da nogueira, surpreendeu e virou fonte de negócio para produtores da Serra.
As trufas são fungos comestíveis benéficos para a noz pecan e são localizadas entre o solo e as folhas. Além de ajudarem a planta a produzir mais, têm grande valor agregado e dão um aroma especial aos pratos culinários.
No município de Cotiporã, a localização dos fungos se deu ao acaso pelos produtores Luis De Rossi e Nadine Marin e se transformou numa verdadeira caça ao tesouro nos pomares de nogueira da família. O casal cultiva cerca de 4 mil pés da árvore nos 30 hectares de produção de noz pecan.
— Sabíamos que podia dar a trufa na nogueira, mas não imaginávamos, claro, que as tínhamos. E aí um dia, na descontração, tiramos uma tarde e dissemos: vamos colher trufa. E achamos! — conta Nadine.
A descoberta surpresa gerou dúvida, e o casal buscou ajuda de pesquisadores para saber se os fungos eram, mesmo, trufas. O professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Diniz Fronza, ajudou a dar o diagnóstico e estava confirmada a descoberta, conta a produtora.
Desde então, a família tem comercializado a iguaria para uma empresa de Santa Cruz do Sul especializada no ramo. O alto valor confirma a luxuosidade do item: o quilo da trufa chega a custar R$ 8 mil. Os negócios, no entanto, são recentes e a ampliação comercial adequada à oferta natural do fungo ainda está sendo estudada pelos produtores. Somente três propriedades no RS cultivam as especiarias em escala comercial.
O trabalho a campo em busca das trufas é quase uma expedição e exige olhar atento para cada pé de nogueira. Se der sorte, encontra a trufa, brinca Nadine.
— Tem pés que chegamos a encontrar 500 gramas, o que é bastante coisa — exemplifica.