A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Foi logo na estação das flores, em plena primavera, que o impacto do clima foi nefasto na produção de flores no Rio Grande do Sul. A enchente da última semana elevou o nível do rio Caí, cobrindo de água as estufas de flores do campo do produtor Fabrício Hallmann na localidade de Pareci Velho, em São Sebastião do Caí. A região é uma das principais produtoras de flores do Estado e foi também uma das mais afetadas pelo evento climático.
O produtor estima que até 40% da área plantada tenha sido totalmente perdida pela chuva.
— Nunca tinha entrado água lá. Dessa vez veio e foi muito forte — conta Hallmann.
O prejuízo estimado, “por baixo”, diz, é de R$ 150 mil. Da produção que sobrou, restam flores para esta semana e a próxima. Depois, serão pelo menos 30 dias sem flor nenhuma para colher e vender.
A propriedade de Hallmann colhe, em média, mil pacotes de flores do campo por semana. O principal destino da produção é o abastecimento de floriculturas e funerárias da Capital.
Mesmo as flores protegidas em estufas têm sido prejudicadas pelo excesso de umidade trazida pelo El Niño. Paulo de Oliveira, florista da Flores Pai&Filho, relata impacto nas rosas, nas gérberas e nas astromélias. Ele comercializa plantas da região do Caí em Porto Alegre e na Serra.
A produção de flores já vinha sentindo dificuldades desde a pandemia, quando o impacto da crise sanitária afetou o setor de eventos e obrigou a redução da produção de mudas. Muitas variedades deixaram de ser cultivadas por causa da baixa demanda. Como consequência, o preço das plantas no mercado também foi afetado. Agora, com o novo episódio de perdas, o dano deve ter novo reflexo no custo final de algumas variedades.