A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
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O horizonte é de oportunidade para o agronegócio. Não só pelas projeções de crescimento em produção e área, mas também pela aposta em temas que têm potencial de alavancar a atividade. Especialistas que estiveram no Mosaico do Agronegócio, encerrado ontem (20), em Gramado, listaram para a coluna assuntos que são tendência — e desafios — para o setor nos próximos anos. Veja alguns:
Novos mercados
Ampliar a relevância do produto brasileiro passa por conquistar novos mercados no tabuleiro internacional. Para o engenheiro agrícola e ex-presidente da John Deere Brasil, Paulo Herrmann, o Brasil não pode atrelar os seus negócios a um único grande parceiro comercial.
O caminho, diz, passa por profissionalizar as exportações, destravando as vendas para outros países:
— O agro tem que olhar mais para a Ásia e o Oriente Médio, onde está a população mundial e o poder de compra. Entretanto, esse modelo de exportação precisa ser profissionalizado.
Comunicação consistente
A comunicação assertiva, que dialoga permanentemente com o seu público consumidor, ainda é um dos desafios a serem vencidos. E quem atentar para este espaço em aberto, apostando em construção de marca, sairá na frente.
Para Gustavo Ermel, diretor de estratégia e comunicação da SPR Comunicação e um dos palestrantes do último dia, falta investimento nesta área porque se desconhece o resultado que as ações dão lá na frente.
— Construção de marca é custo hoje para benefício lá na frente. Ações do agro para momentos específicos não vão mudar a percepção das pessoas. O que vai mudar é a consistência para aumentar a percepção de "marca agro brasileira" — diz Ermel.
O empresário cita o quanto a consistência e a repetição são importantes nestes casos, e compara ao exercício de ganho de músculo, que exige tempo e regularidade:
— A Expointer é um bom exemplo. Quantas marcas se viram para o agro durante aquela semana e depois somem? E a gente não consegue absorver nada daquilo.
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Construir narrativa
Ainda no tópico comunicação, os especialistas defendem que o agro precisa ser protagonista da sua narrativa. A estratégia permite ao setor mostrar como trabalha e evita a desinformação. Isso porque parte da população desconhece os bastidores da atividade.
— Chegou a hora do agro assumir o seu posicionamento. Parar de brigar ao invés de dialogar para mudar a imagem de um negócio que representa boa parcela do PIB brasileiro — disse o sócio do SPR Comunicação.
Paulo Herrmann ainda fala em "construção de empatia":
— Vamos construir para o nosso público consumidor, o público urbano, de dentro e fora do país, uma empatia com relação ao nosso negócio. Que a empatia seja maior do que a percepção de que o agro é destruidor ou descuidado com a questão ambiental e social.
Qualificação de pessoas
A valorização das pessoas que fazem o agronegócio girar, bem como a profissionalização delas para temas do futuro, é outra tendência do setor.
— O agro carece de mão de obra, muitas vezes. É preciso desenvolvimento e retenção de funcionários, um programa de participação de resultados, ou ainda uma evolução de salários para fazer com que as pessoas queiram ficar — aponta Herrmann.