A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois de pisar o pé no freio em janeiro, a indústria brasileira de máquinas agrícolas trocou os pedais e deu uma acelerada. É o que indica o levantamento de fevereiro divulgado nesta segunda-feira (10) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No período, as vendas de máquinas cresceram quase 30% em comparação ao mês anterior. Foram 4,48 mil unidades comercializadas.
Apesar de estar dentro de um movimento já esperado, sazonal (período de colheita), há outros motivos que colaboram para esse cenário. E o primeiro deles está fora do Rio Grande do Sul, que vive novamente uma frustração de safra em razão da estiagem.
— Nós estamos tendo uma supersafra (no Brasil). O pessoal está precisando comprar e modernizar equipamentos — analisa o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos do Estado (Simers), Claudio Bier.
Outro fator que tem contribuído para isso é a busca por novas formas de financiamento, cita Bier. Isso porque os agricultores vivem um período de juros altos e restrição de crédito, o que, teoricamente, desestimularia a renovação da frota. Uma alternativa que tem sido utilizada são os consórcios.
Mesmo assim, o vice-presidente da Anfavea, Alexandre Bernardes, se mostra preocupado com o desempenho das vendas no ano até a publicação de um novo Plano Safra:
— O nosso cliente não tem recurso disponível para nada. E tem gente que não tem outra alternativa, como o cara da agricultura familiar.
De fato, os números até agora estão menores neste ano — ainda que a régua em 2022 tenha sido alta. O volume comercializado em fevereiro é 22,3% menor que o mesmo mês em 2022. Assim como o dos dois primeiros meses do ano, quando a queda nas vendas foi de quase 16% se comparado com o mesmo período de 2022. Em janeiro e fevereiro de 2023, foram comercializadas 7,93 mil unidades.
— Se a gente conseguir chegar a uma quantidade de vendas próxima ao do ano passado, a gente já pode soltar foguete — conclui Bernardes.