
Mais do que volume, o mercado exige da produção agrícola qualidade e segurança, dentro dos parâmetros de cada cultura. Não por acaso o mercado tem sido de expansão para a atividade de classificador de grãos. Pela avaliação técnica dele passam desde atributos sensoriais até presença ou não de micotoxinas, que podem trazer riscos à saúde. De Tenente Portela, no Noroeste, Lucinei Dione Calgaro é servidor da Emater e, neste momento, analisa os padrões da cevada usada na produção de malte, ingrediente que é "a alma" da cerveja. Confira um pouco da história desse profissional.
Você sempre atuou na função de classificador de grãos?
Sou natural de Tenente Portela, filho de pequenos agricultores. Sou técnico em agricultura e tecnólogo em processos gerenciais, com especialização em cooperativas. Minha família sempre foi ligada à agricultura e, com o passar dos anos, a vontade de trabalhar só foi aumentando. Moro há mais de 15 anos em Erechim e trabalhei no cooperativismo, com assistência técnica para produtores de frutas e hortaliças. Fui diretor agropecuário, responsável por agroindústrias de origem animal no município. Em 2013, ingressei na Emater, no departamento de classificação e certificação de produtos de origem vegetal.
E o que cabe ao profissional dessa área fazer?
Trabalhamos na classificação de soja, milho, trigo, tanto nos portos, na parte de exportação, quanto na produção de óleos e de ração. No trigo, mais na parte de farináceos. Atuamos conforme a demanda, tanto em pontos de destino quanto em recebimento e até em laboratórios. Um classificador da Emater passa por um processo seletivo e, posteriormente, por cursos destinados a cada produto, ministrados pelo Ministério da Agricultura. A classificação é obrigatória para itens de alimentação humana. Por exemplo, determinamos se o feijão é tipo 1. A indústria nos chama principalmente para trabalho com soja, milho, para garantir a qualidade do produto.
Como é a rotina de trabalho?
Trabalhamos, em média, oito horas por dia. Temos uma espécie de laboratório de análise, que avalia desde o sensorial, até umidade, impureza do produto, germinação que vai influenciar no percentual da cevada que vai ser malteada, determinamos tamanho de grão, analisamos a presença de micotoxinas. Agora estamos em período com equipe destinada ao recebimento de cevada, em Passo Fundo, na maltaria da Ambev.
E quais os requisitos para quem quer atuar na atividade?
É preciso conhecimento técnico, específico, de cada cultura analisada, entender todos os processos de plantio, colheita e, principalmente, de armazenagem. Porque é um conjunto, né? Analisamos um defeito desse produto, que passa por vários processos, quando chega nas nossas mãos. Tendo todo esse conhecimento, entendimento, nós classificadores, garantiremos a segurança alimentar. Não só de um produto que vai direto à mesa do consumidor, como do que vai para a ração animal.
Como avalia o campo de atuação do classificador?
A atividade está em plena expansão, como o agro. Somos nós que, lá na ponta, identificamos defeitos, qualidade, podemos apontar se o produto está conforme ou não, e isso tudo implica financeiramente. A gente faz análise carga a carga. A nossa responsabilidade é muito grande, avalizamos milhões por dia pela atividade que desempenhamos.