
Alvo de ações judiciais nos Estados Unidos, o glifosato entrou na mira do governo da Alemanha. Medida apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente do país europeu prevê a redução sistemática do uso, até a proibição, no final de 2023.
O detalhe é que o herbicida mais usado no mundo faz parte hoje do portfólio de uma empresa genuinamente alemã: a Bayer.
Desde que comprou a americana Monsanto, em um negócio anunciado em 2016 e oficialmente concluído no ano passado, a companhia da Europa responde pelo produto. Nos EUA, enfrentou três vereditos desfavoráveis em ações de pessoas que associam o uso do glifosato ao câncer.
A Bayer sentiu o peso das decisões em números, com queda em valores de ações no período pós decisões em território americano.
Agora, terá de lidar com o cerco à comercialização e ao uso dentro e casa. A proibição do governo alemão faz parte de um programa de proteção a insetos acordado nessa quarta-feira (4) e que pode entrar em vigor no próximo ano, segundo a Deutsche Welle.
A proibição do uso passaria a valer a partir de 2023, quando vence a aprovação da União Europeia (UE), se não for novamente prorrogada pelos integrantes do bloco.
A proposta alemã ainda precisa ser aprovada pelo parlamento do país. Neste ano, em julho, a Áustria proibiu a venda do herbicida. No Brasil, o produto passou por reavaliação toxicológica da Anvisa e teve parecer técnico favorável para a continuidade do uso.
Em nota, a Bayer afirmou que a proibição da Alemanha “ignoraria o número esmagador de avaliações científicas de autoridades competentes em todo o mundo que, há mais de 40 anos, determinaram que o glifosato pode ser usado com segurança”. E acrescentou que a União Europeia tem “um marco legal comum para a autorização de ingredientes ativos para proteção de culturas, apoiada por um dos mais rigorosos esquemas de avaliação de segurança do mundo”.